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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Uefa quer Brasil e Argentina em super Liga das Nações em contragolpe à Fifa

França foi campeã da segunda edição da Liga das Nações da Europa - Divulgação UEFA
França foi campeã da segunda edição da Liga das Nações da Europa Imagem: Divulgação UEFA

Colunista do UOL

22/10/2021 04h00

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A Uefa (União Europeia de Futebol) contra-atacou em sua batalha para evitar que a Fifa consiga tirar do papel o projeto de uma Copa do Mundo a cada dois anos. Movimentações da entidade europeia nas últimas semanas, algumas em conjunto com a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), minaram ações do presidente da federação internacional, Gianni Infantino, que tem viajado o mundo buscando apoio das associações nacionais.

Na articulação mais ousada, a Uefa apresentou à Conmebol um plano de incluir países sul-americanos na Liga das Nações, o torneio de seleções criado pela união europeia em 2018 para que seus filiados tenham uma competição oficial durante período das datas Fifa em que ocorriam apenas amistosos — o que agradou à confederação sul-americana. A informação foi revelada pelo jornal italiano Gazzetta dello Sport e confirmada pela coluna.

O movimento da Uefa mira principalmente Brasil e Argentina, países que têm sido cortejados pela Fifa para apoiar a Copa bienal. CBF e AFA têm tido dificuldade em marcar amistosos contra rivais europeus, algo essencial na preparação para uma Copa do Mundo, e teriam na Liga das Nações combinada a chance de encarar fortes adversários do Velho Continente.

Ainda crua, a ideia seria que os quatro melhores da Liga das Nações europeia ou da Euro e os quatro primeiros da Copa América jogassem um torneio, com regulamento a definir (provavelmente dois grupos de quatro, semifinais e final). Isso ocorreria a cada quatro anos.

Uefa e Conmebol abriram recentemente um escritório conjunto em Londres para trabalhar projetos comerciais e de torneios. O primeiro a sair do papel será o confronto entre os campeões da Euro e da Copa América de 2021, Itália e Argentina, em junho de 2022, provavelmente no estádio de Wembley, em Londres. Seria o embrião de uma futura Liga das Nações.

O escritório também deve reorganizar a Copa Intercontinental, o confronto entre clubes dos dois continentes, realizado de 1960 a 2004 — e pode ser turbinado com mais de dois participantes.

Rebelião

O segundo movimento europeu contra a Copa bienal partiu de algumas associações, principalmente as nórdicas, mas sempre com o aval da Uefa. Em nota forte, as federações da Noruega, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Islândia e Ilhas Faroe afirmaram serem contra o Mundial bienal e falaram em tomar atitude drástica caso a ideia seja aprovada. Segundo a Associated Press, essa medida seria abandonar a Fifa, o que é previsto no estatuto da entidade, artigo 18, desde que solicitado até seis meses antes do fim de cada ano.

No entendimento dessas federações, elas poderiam continuar associadas à Uefa, participando de torneios como Eurocopa e Liga dos Campeões de clubes — Gibraltar, por exemplo, se filiou à Uefa em 2013 e disputou eliminatórias da Euro sem ter filiação à Fifa, o que só ocorreu em 2016.

Esses movimentos esfriaram a ideia de Infantino de correr com a proposta da Copa bienal. A Fifa deve apresentar um relatório até o fim de novembro, que será debatido em 20 de dezembro pelos 211 filiados, em um encontro virtual.

Na reunião do Conselho da entidade, realizado na quarta-feira (20), as confederações da Ásia (AFC) e das Américas do Norte e Central (Concacaf), que já haviam dado sinais de que topariam a ideia, recuaram e pediram mais tempo para discussão. Hoje a Fifa só tem uma confederação alinhada, a África.

Isso pode fazer com que o tema nem entre na pauta do próximo Congresso da entidade, que é onde tem que ser votado para mudar a periodicidade da Copa. O evento vai ocorrer em 31 de março, em Doha, um dia antes do sorteio dos grupos da Copa-2022, que será em 1º de abril.