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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Por Mundial, Fifa pode mudar Copa Africana e arrumar 'briga' com ingleses

Edouard Mendy vai desfalcar o Chelsea por causa da Copa Africana de seleções - Clive Mason/Getty Images
Edouard Mendy vai desfalcar o Chelsea por causa da Copa Africana de seleções Imagem: Clive Mason/Getty Images

Colunista do UOL

13/12/2021 12h05Atualizada em 13/12/2021 16h22

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A Fifa pode pedir à CAF (Confederação Africana de Futebol) que antecipe o início da Copa Africana de seleções, em Camarões, de 9 para 3 de janeiro, para que o torneio termine antes de fevereiro e não coincida com o Mundial de Clubes. Isso poderá gerar crise com clubes europeus, principalmente ingleses.

O Al Ahly, do Egito e possível rival do Palmeiras na semifinal no Mundial, que será nos Emirados Árabes, reclamou à Fifa, à CAF e a federação do Egito de que poderá ter ao menos nove desfalques durante o torneio de jogadores que deve ser convocados para seleções participantes da Copa das Nações — sete para o Egito e o meia Aliou Dieng, do Mali, e o lateral tunisiano Ali Maalou.

O Mundial foi confirmado de 3 a 12 de fevereiro e o Al Ahly estreia dia 5 contra o Monterrey, do México — quem vencer esse jogo encara o Palmeiras na semifinal, dia 8 (13h30 de Brasília). A final da Copa Africana está marcada para 6 de fevereiro, um dia depois do Al Ahly estrear no Mundial

Se o torneio de seleções da África começar dia 3 de janeiro, e não mais em 9, a final poderia também ser antecipada em alguns dias e terminar em 30 de janeiro, antes portanto do início do Mundial. A CAF, que organiza o torneio e define as datas, sofre forte influência hoje da Fifa, já que nos últimos anos a entidade mundial precisou intervir na administração da confederação por causa de escândalos de corrupção.

Há, porém, um problema para antecipar as datas da Copa Africana de seleções: desagradar clubes europeus, principalmente os da inglesa Premier League, que terão que liberar antes atletas que forem convocados por suas seleções.

No dia 2 de janeiro, por exemplo, está marcado o clássico Chelsea x Liverpool — os londrinos têm o goleiro senegalês Edouard Mendy, seu titular, e o meia marroquino Hakim Ziyech, enquanto o Liverpool conta com as estrelas Mohamed Sala, do Egito, e Sadio Mané, de Senegal, além de Naby Keita, de Guiné. A expectativa dos dois clubes é que, com o calendário atual, os jogadores atuariam nesse confronto e só depois seriam liberados. Haverá, portanto, reclamações se houver antecipação de datas da Copa Africana.

Pressão da elite
A Fifa optou por colocar o Mundial coincidente com o torneio da CAF depois de ouvir as confederações sobre qual período de fevereiro de 2022 seria ideal para a competição de clubes. O torneio foi adiado de dezembro porque o Japão, sede original, desistiu da organização por causa da pandemia. Os Emirados Árabes assumiram, mas não poderiam organizá-lo em dezembro.

A Uefa ouviu do Chelsea, seu representante, que preferia jogar no início de fevereiro — a Premier League inclusive já havia folgado o calendário do Chelsea entre 23 de janeiro, quando encara o Tottenham, até 19 de fevereiro, quando enfrenta o Crystal Palace. O clube inglês preferia também resolver logo o Mundial antes do jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, que será em 22 de fevereiro.

A Conmebol disse que também preferia inicio de fevereiro porque sua Recopa, que reunirá os campeões da Libertadores (Palmeiras) e da Sul-Americana (Athletico-PR), está marcada para os dias 23 de fevereiro e 2 de março. Portanto, o Mundial com o Palmeiras no fim de fevereiro obrigaria a Conmebol a mudar sua Recopa, o que afetaria um calendário já apertado por causa da Copa do Mundo do Qatar, que será entre novembro e dezembro. Essa negociação foi feita antes da final da Libertadores em Montevidéu.

Além dos clubes já citados participam do Mundial o Al Jazira, representante do país-sede, o Al Hilal , da Arábia Saudita e campeão asiático, e o Auckland City, da Nova Zelândia, indicado pela Oceania que pelo segundo ano seguido cancelou seu continental por causa da covid-19.