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Marcel Rizzo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Rizzo: Fifa busca apoio de atletas contra fracasso de plano da Copa bienal

Gianni Infantino, presidente da Fifa, discursa no 72º congresso da entidade - Alexander Hassenstein - FIFA/FIFA via Getty Images
Gianni Infantino, presidente da Fifa, discursa no 72º congresso da entidade Imagem: Alexander Hassenstein - FIFA/FIFA via Getty Images

Colunista do UOL

31/03/2022 10h18

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Quando por meio da federação da Arábia Saudita a Fifa lançou a proposta de uma Copa do Mundo a cada dois anos, em seu Congresso de maio de 2021, o objetivo da cúpula da entidade era que o assunto viesse a votação, e fosse aprovado, no Congresso seguinte, este que foi realizado nesta quinta-feira (31) em Doha. O plano não deu certo, mas a Fifa está longe de se dar por derrotada.

A federação internacional tem tempo para debater o assunto: a mudança do calendário que incluiria um Copa bienal é para 2025, já que até 2024 as datas estão definidas com acordos comerciais que impedem mudanças muito drásticas. Haverá, portanto, dois Congressos para se votar a questão. E a Fifa precisa de tempo para ganhar apoio para um projeto que hoje é criticado por quase todos os segmentos do futebol, incluindo Uefa e Conmebol.

Se quisesse colocar o assunto em votação dos mais de 200 filiados hoje é possível até que a Fifa conseguisse uma aprovação. A África, que tem mais de 50 votos, está 100% a favor do projeto, assim como federações menores das associações da Ásia e da Concacaf (Américas do Norte, Central e Caribe).

Em viagens recentes, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, conseguiu apoio entre associações menores da Europa, que votariam tranquilamente contra a posição da Uefa (União Europeia de Futebol) com a possibilidade de receber mais verbas da Fifa.

Só que a direção da Fifa sabe que é preciso apoio de outros players importantes, como os clubes e, principalmente, jogadores. Entende-se na entidade, inclusive, que se associações de atletas já tivessem dado o ok hoje a Fifa teria ignorado posições contrárias dos clubes e da Uefa e da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e tentaria uma aprovação imediata.

Com exceção de ex-jogadores que a Fifa tem sob contrato em seu projeto de lendas do futebol, espécie de embaixadores que rodam o mundo divulgando a entidade, e que se manifestaram a favor, os atletas em atividade se mostraram contra, mesmo com algumas promessas na mudança de calendário que parecem ser interessantes para a categoria:

- Período obrigatório de descanso;
- Menos viagens entre continentes para jogos de seleções;
- Maior chance de disputar uma Copa do Mundo no auge da carreira.

Para os jogadores tudo isso parece irreal quando eles olham a proposta e veem que terão que disputar torneios importantes, como a Copa do Mundo, a Euro e a Copa América todos os anos, alternando o Mundial com os continentais. Mesmo assim este é o segmento que, neste momento, a Fifa está buscando apoio, já que entendeu que convencer clubes e associações maiores deve ser mais complicado.