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Copa do Qatar será vista em mais lugares do que o Mundial da Rússia em 2018
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Com o acerto com a empresa de comunicação FBC, de Fiji, a Fifa destravou a venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo do Qatar e até o momento 214 territórios acompanharão o evento que será realizado de 21 de novembro a 18 de dezembro de 2022. O número já é maior do que os 212 que viram o Mundial de 2018, na Rússia, mas ainda menor que do Brasil-2014, recorde até hoje, 223.
No início de 2021, a Fifa havia negociado a Copa de 2022 com 201 territórios e as negociações estavam complicadas na Ásia e na Oceania. Houve avanço com este segundo com a FBC comprando os direitos, de todas as plataformas (TVs aberta e fechada, rádio, internet e mobile), para 13 territórios.
Para destravar a venda a Fifa inovou em seu sorteio dos grupos da Copa, realizado em 1º de abril. A federação internacional direcionou os horários dos jogos, para atender melhor os mercados de cada país. Foi uma tentativa de avançar na negociação em alguns locais, mas também para plataformas de transmissão em aberto em regiões que já têm contrato — caso do Brasil, que tem à venda o streaming. A seleção brasileira, por exemplo, fugiu dos jogos às 7h de Brasília, menos atrativo para o mercado brasileiro.
Para o público brasileiro o evento pertence à Globo, mas mesmo mantendo o contrato após pendenga jurídica com a federação internacional a emissora brasileira perdeu a exclusividade para streaming (internet e mobile), ou seja, a Fifa pode negociar com empresas como Netflix, Warner (com a HBO Max) e Amazon (Prime Vídeo), além de redes sociais como Facebook e Tik Tok. Até o momento não houve acordos.
A emissora também pode repassar seus direitos e por enquanto fez isso apenas para a Rádio Itatiaia. Na Copa de 2018, a Globo fechou acordos com 16 outras empresas, a maioria rádios, repassando os direitos do torneio — para TV fechou com a Fox, que dividiu com o SporTV a transmissão em fechada.
Em meados de 2020, a emissora carioca alegou dificuldades econômicas para renegociar contratos em função da pandemia e suspendeu, por meio de liminar judicial, o pagamento de uma parcela anual do contrato com a Fifa, de US$ 90 milhões, que deveria ter sido feito em 30 de junho de 2020. A Fifa recorreu, mas a Justiça arquivou a ação. Ao final as partes entraram em acordo, a Globo recebeu alguns benefícios para pagar a dívida, mas cedeu a exclusividade que tinha para o streaming.
NEGOCIAÇÕES
A Fifa define os locais a que negocia seus campeonatos como territórios, e não países, porque em alguns casos as vendas ocorrem para regiões que nem autônomas são. Um exemplo é o departamento francês chamado Reunião, uma ilha no Oceano Índico, em águas africanas, que a Fifa cede separadamente dos pacotes oferecidos para a França.
Boa parte dos acordos da Copa 2022 faz parte de um pacote que incluiu a edição 2018. Na América do Sul, por exemplo, com exceção do Brasil, para os outros nove países filiados à Conmebol a Fifa fechou os direitos de seus torneios a um braço da gigante de telecomunicações mexicana Televisa, a Mountrigi Management Group Limited. A Televisa foi envolvida nas acusações de pagamento de propina a cartolas para a venda de campeonatos, o chamado "Fifagate", mas nega as acusações.
A Mountrigi tem sede na Suíça (onde também está a Fifa) e comprou diretamente da Fifa os direitos de transmissão para as Copas da Rússia e do Qatar, em todos os meios, na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Os valores pagos não são conhecidos.
A empresa, então, revende dentro de cada país para emissoras locais. Para o Qatar, por exemplo, a TyC adquiriu os direitos na Argentina e a DirecTV Latin America no Chile, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai e Paraguai.
Nos EUA, os direitos são da Fox e da Telemundo, rede aberta de língua espanhola. Na Europa, a Fifa negocia principalmente para a União Europeia de Radiodifusão, grupo de TVs públicas do continente que depois faz os repasses para emissoras de países menores. Para grandes centros os acordos são feitos diretamente com as principais organizações, como a RAI na Itália, a TF1 na França, a ARD na Alemanha e a BBC no Reino Unido.
A África tem a SuperSport International, um braço da Sky Sports inglesa, como principal compradora para a maioria dos países, com a beIN Sports, subsidiária da qatariana Al Jazeera, logo atrás. A beIN Sports detém a maioria dos direitos para Ásia incluindo, lógico, o país-sede, o Qatar.
TERRITÓRIOS/PAÍSES QUE JÁ COMPRARAM A COPA DE 2022 POR CONTINENTES
Europa - 57
África - 54
Américas - 47
Ásia - 35
Oceania - 21
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