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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Mesada da CBF é mais de 50% da receita de federações que elegem presidente

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, foi eleito em março e tem mandato até 2026 - Thais Magalhães/CBF
Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, foi eleito em março e tem mandato até 2026 Imagem: Thais Magalhães/CBF

Colunista do UOL

25/05/2022 12h00

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Boa parte das federações estaduais continua sobrevivendo apenas por causa de subsídio da CBF. Em 2021, 10 dessas entidades tiveram o valor repassado pela confederação brasileira como equivalente a mais de 50% de suas receitas. O pagamento é feito a cada mês.

O R$ 1,3 milhão total recebido da CBF por Roraima, a mais dependente, significou 98% de tudo o que a federação do norte arrecadou no ano passado, quando fechou com R$ 199 mil de superávit. Os números foram obtidos por meio dos balanços financeiros divulgados pelas entidades - apenas Distrito Federal e Amapá não compartilharam os dados completos.

Com isso, de 25 federações, 10 dependeram principalmente da CBF para pagar as contas em 2021: Roraima, Rondônia, Amazonas, Acre, Maranhão, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e Paraíba.

As federações são as principais eleitoras para a presidência da CBF, com peso 3 na votação (clubes da Série A têm voto peso 2 e os da B, peso 1). Em março, Ednaldo Rorigues, ex-chefe da Federação da Bahia, foi eleito presidente da CBF, cargo que ocupará até 2026 — somente Alagoas não o apoiou.

Das dez mais dependentes, três fecharam 2021 no vermelho, mesmo com a ajuda da CBF. As outras sete tiveram lucros na casa dos milhares de reais, ou seja, sem o subsídio estariam quebradas. Das 25 federações estaduais com os números consolidados, 19 fecharam com lucro e seis com prejuízo. São Paulo teve o maior superávit, com R$ 11,9 milhões.

Todo ano, a CBF envia em forma de doação um fixo de R$ 1,2 milhão a cada uma das federações, para o "fomento do esporte na região". Mas não é só essa a ajuda. Algumas recebem mais dinheiro para auxílio na organização dos campeonatos nacionais realizados nos estados, como as Séries B, C e D, Copa do Brasil e regionais — que é usado para pagamento de controle de dopagem, arbitragem, entre outros gastos.

Esses valores enviados às federações não incluem a remuneração mensal que a CBF paga a cada presidente, como "verba de representação". O salário, que pode chegar a R$ 90 mil, é pago há alguns anos, diretamente aos cartolas, e é uma das principais críticas ao modus operandi da confederação brasileira.

A CBFDEPENDÊNCIA

Valores recebidos por cada federação em 2021 e relação com a receita total (em R$)*

Roraima
CBF: 1,31 milhão (98%)
Superávit: R$ 191 mil

Rondônia
CBF: 1,71 milhão (91%)
Superávit: 310,1 mil

Maranhão
CBF: 1,3 milhão (73%)
Superávit: 18,8 mil

Amazonas
CBF: 2,1 milhões (71%)
Déficit: 756,7 mil

Mato Grosso
CBF: 1,67 milhão (68%)
Superávit: 344,1 mil

Tocantins
CBF: 1,34 milhão (68%)
Superávit: 785,60

Paraíba
CBF: 1,84 milhão (64%)
Déficit: 15,3 mil

Mato Grosso do Sul
CBF: 2,15 milhões (60%)
Superávit: 52,5 mil

Acre
CBF: 1,7 milhão (58%)
Superávit: 378,2 mil

Pará
CBF: 2,19 milhões (54%)
Déficit: 173,4 mil

Espírito Santo
CBF: 1,17 milhão (44%)
Superávit: 226,6 mil

Rio Grande do Norte
CBF: 1,2 milhão (41%)
Superávit: 86,4 mil

Piauí
CBF: 1,27 milhão (40%)
Superávit: 77,8 mil

Ceará
CBF: 2 milhões (40%)
Superávit: 186,3 mil

Santa Catarina
CBF: 2,19 milhões (40%)
Superávit: 1,059 milhão

Alagoas
CBF: 1,2 milhão (39%)
Superávit: 377,4 mil

Goiás
CBF: 2,19 milhões (33%)
Superávit: 1,059 milhão

Paraná
CBF: 3 milhões (28%)
Déficit: 970 mil

Bahia
CBF: 1,3 milhão (28%)
Superávit: 488 mil

Sergipe
CBF: 1,2 milhão (22%)
Superávit: 232,7 mil

Pernambuco
CBF: 1,6 milhão (20%)
Superávit: 4 milhões

Minas Gerais
CBF: 1,5 milhão (10%)
Superávit: 4,5 milhões

Rio Grande do Sul
CBF: 1,29 milhão (10%)
Déficit: 287 mil

Rio de Janeiro
CBF: 1,29 milhão (10%)
Déficit: 1,5 milhão

São Paulo
CBF: 1,65 milhão (2,5%)
Superávit: 11,9 milhões

*Sem os números das federações do Distrito Federal e do Amapá