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Marcel Rizzo

REPORTAGEM

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Boca x Corinthians deve ter parte da Bombonera fechada após atos racistas

La Bombonera horas antes do jogo entre Boca Juniors e Corinthians - Staff images / CONMEBOL
La Bombonera horas antes do jogo entre Boca Juniors e Corinthians Imagem: Staff images / CONMEBOL

Colunista do UOL

27/05/2022 13h53

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O Boca Juniors (ARG) deve jogar sua partida como mandante nas oitavas de final da Libertadores contra o Corinthians com o estádio La Bombonera parcialmente fechado por causa de atitudes racistas de seus torcedores justamente no confronto contra o time brasileiro, em 17 de maio. Não está descartado atuar com portões fechados, mas o mais provável é que setores onde foram identificadas as manifestações racistas sejam interditados.

A avaliação dentro da Conmebol é que o tribunal de disciplina vai aplicar uma punição mais pesada do que as anteriores ao Boca nos próximos dias — as oitavas da Libertadores ocorrerão nas semanas de 29 de junho (jogos de ida) e 6 de julho (volta). Seria a primeira punição com base nas alterações feitas no Código de Disciplina para tentar conter a sequência de atos racistas de torcedores em partidas dos torneios sul-americanos.

Foram duas mudanças principais no artigo 17 do Código de Disciplina da Conmebol: aumento da multa mínima de US$ 30 mil (R$ 154 mil) para US$ 100 mil (R$ 470 mil) e a possibilidade de jogar sem torcida ou com parte do estádio fechado. A redação anterior não previa qualquer outra punição além da multa.

No dia 23 de maio, o tribunal multou o Boca em US$ 30 mil (R$ 140 mil) pelo ato racista de um torcedor no primeiro confronto contra o Corinthians pela fase de grupos da Libertadores, no Neo Química Arena em São Paulo, em 26 de abril — ainda com valor mais baixo porque o jogo ocorreu quando a regra ainda não havia mudado. O homem foi preso, mas pagou fiança e voltou à Argentina.

O River Plate (ARG) e a Universidad Católica (CHI) também foram multados em US$ 30 mil por atos racistas de torcedores contra Fortaleza e Flamengo, respectivamente, porque os jogos ocorreram quando o artigo 17 não havia sido alterado.

A coluna apurou que internamente a diretoria da Conmebol avalia que as alterações devem forçar os clubes a criarem mecanismos que tentem evitar atos racistas nos jogos, já que atuar com portão fechado gera perda financeira e esportiva.

Há também orientação da Conmebol para que as equipes de arbitragem sigam as recomendações da Fifa caso flagrem atos discriminatórios nos jogos da Libertadores e Sul-Americana. São os "três passos contra a discriminação":

- no primeiro, o jogo fica paralisado e avisos nos telões e alto-falantes pedem que a torcida pare com as ofensas;

- no segundo, o jogo para novamente, mas por mais tempo e os jogadores descem para o vestiário - novos avisos são dados;

-se não pararem, o terceiro passo é encerrar definitivamente o confronto, suspendendo-o independentemente dos minutos jogados.