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Fifa e federações recebem mais R$ 480 mi de cartolas envolvidos no Fifagate
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O departamento de justiça dos EUA liberou nesta quinta-feira (30) mais US$ 92 milhões (R$ 480 milhões) recuperados do escândalo de corrupção no futebol conhecido como Fifagate. O total que Fifa e federações receberão é de US$ 201 milhões (R$ 1,05 bilhão), em partes, dinheiro que será retirado das contas dos envolvidos e enviado pelos norte-americanos, que fizeram as investigações e condenações.
Em 2021 já havia sido liberado US$ 32,3 milhões (R$ 168,5 milhões). A indenização será colocada em um fundo, que será administrado por pessoas independentes da federação internacional e será usado principalmente no desenvolvimento do futebol de base e comunidades onde o futebol é incipiente. Boa parte será alocada para projetos nas duas confederações que foram afetadas pelos casos de corrupção, a Conmebol (Confederação Sul-Americana) e a Concacaf (Confederação das Américas do Norte, Central e Caribe). A Conmebol ficará com US$ 71 milhões (R$ 371 milhões) do total.
A CBF, que teve cartolas envolvidos no Fifagate, pediu recentemente à Fifa que fosse incluída como parte a receber de volta fração do dinheiro desviado. A coluna apurou que a confederação brasileira deve participar do fundo.
O Fifagate
Entre aqueles que devolverão dinheiro por causa do Fifagate está o ex-presidente da CBF José Maria Marin -- ele foi condenado a pagar uma multa de US$ 4,5 milhões (R$ 23,7 milhões). Marin foi um dos cartolas presos em 27 de maio de 2015, em Zurique, na Suíça, quando a operação norte-americana foi realizada a poucos dias da eleição para presidente da Fifa. Joseph Blatter foi reeleito na ocasião, mas acabou renunciando quatro dias depois e convocou nova eleição após ser pressionado por causa das prisões dos cartolas, sete deles membros do Comitê Executivo da entidade.
Além da multa, Marin foi condenado a quatro anos de prisão por organização criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro, segundo decisão da juíza Pamela Chen, da Corte Federal do Brooklyn nos EUA. Em março de 2020, por ser do grupo de risco causa da idade (tem hoje 90 anos), ele foi autorizado a voltar ao Brasil em meio à pandemia de covid-19.
Mais de 50 pessoas foram acusadas de participação no esquema de recebimento de propinas para vender os direitos comerciais de competições como a Libertadores e a Copa América para empresas de marketing esportivo. O caso teve como principal delator o empresário brasileiro J.Hawilla, que fundou a empresa Traffic, por anos a mais relevante negociadora de torneios de futebol no Brasil e nas Américas. Hawilla morreu em 2018.
Marin sempre negou participação no recebimento de dinheiro, ao contrário de outras 27 pessoas que assumiram a culpa e ganharam algumas benesses. Três dos últimos quatro presidentes da Conmebol foram presos, além de chefes de federações como Chile, Colômbia e Argentina e cartolas da Concacaf.
Os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero também foram envolvidos nas acusações, mas nunca foram presos porque o Brasil não extradita seus cidadãos. A Fifa, entretanto, os baniu, como Marin, para sempre do futebol devido ao Fifagate — ambos negam o recebimento de propina.
A Conmebol já havia recuperado parte do dinheiro, mas por meio da Justiça da Suíça e especificamente de dois ex-dirigentes: o ex-presidente Nicolás Leoz e o ex-secretário-geral Eduardo Deluca. O valor enviado foi de mais de R$ 190 milhões, em outubro de 2020.
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