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Copa do Qatar terá substituição extra para casos de atletas com concussão
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A direção da Fifa definiu que haverá substituição extra na Copa do Mundo do Qatar para casos de suspeita de concussão. Será permitida uma por jogo para cada seleção e não entrará na contagem das trocas normais.
Com isso, se houver um caso de pancada grave na cabeça de um atleta que necessite deixar o campo após diagnóstico médico, o treinador dessa equipe poderá fazer até seis substituições, já que o Mundial 2022 será o primeiro sob a regra de cinco alterações. A lista final de convocados aumentou de 23 para 26 jogadores, com 15 suplentes disponíveis no banco de reservas.
A Ifab (International Board), órgão que regula o futebol, autorizou em 2020 testes para substituições extras em casos de concussão - pancadas fortes na cabeça que desorientam o atleta e podem ter consequências graves ao cérebro a médio prazo. Os testes foram prorrogados até agosto de 2023.
A Fifa já usou a regra no Mundial de Clubes-2020, realizado em fevereiro de 2021 no Qatar e vai repetir agora na Copa em meio à campanha que faz por atenção a casos de concussão no futebol e que tem o slogan "suspeite e proteja".
Protocolo
O diagnóstico para concussão, ou suspeita, o que já requer cuidados e o não retorno ao jogo, será feito pelo médico da seleção que estará no banco de reservas em conjunto com um representante da Fifa, também médico, que ficará ao lado do campo. As 64 partidas da Copa terão esse oficial da federação internacional e os profissionais terão no gramado acesso a tablets, que poderão ser acessados durante os jogos para análise de imagens que ajudem no diagnóstico.
Na arquibancada um segundo médico da Fifa, chamado de observador, terá acesso a imagens em tempo real e poderá comunicar ao seu companheiro no campo se houver um choque violento que requeira atendimento médico, e não tenha sido notado, para o início do protocolo de concussão. Pela regra o procedimento pode durar até três minutos e se baseia em perguntas para classificar qualquer indício de desorientação.
A Ifab trabalhou no início dos testes de trocas em situação de concussão com duas possibilidades: a substituição extra definitiva, a que será usada na Copa, e uma temporária, defendida por associações de jogadores porque aumentaria de três para dez minutos os protocolos de diagnóstico e daria chance de o atleta voltar caso a concussão, ou a suspeita, não fossem confirmadas. A Ifab decidiu manter os testes para a primeira opção por entender que é mais seguro aos jogadores deixar o campo em definitivo.
Na final da Copa de 2014 entre Alemanha e Argentina, no Maracanã, o meia alemão Cristoph Kramer sofreu uma forte pancada na cabeça, continuou no jogo por alguns minutos, mas acabou substituído ainda no primeiro tempo depois que o árbitro notou que ele estava desorientado. Após o confronto, Kramer relatou que pouco se lembrava do que aconteceu em campo — a perda de memória é um sintoma da concussão.
A Copa do Qatar começa em 21 de novembro e a final será em 18 de dezembro de 2022.
A concussão
A concussão cerebral é a perda da consciência de curta duração, que acontece logo após um traumatismo craniano (bater com a cabeça). Ela caracteriza-se pela presença de sintomas sem nenhuma lesão identificada, mas com danos microscópicos, dependendo da situação, reversíveis ou não. Essa ausência de lesões visíveis é o que faz com que muitas atletas que sofrem concussão em uma partida de futebol fiquem em campo.
Hoje, se um jogador leva uma pancada na cabeça durante a partida e o médico do clube percebe ele pode entrar no campo sem pedir autorização ao árbitro, o que anteriormente ocasionaria numa advertência ou até expulsão. Ele tem três minutos para realizar testes com o atleta para identificar se há ou não a confusão mental, principal sintoma da concussão. O jogo fica parado durante esse tempo, mas se o médico entender que é preciso mais testes o atleta tem que sair de campo, deixando sua equipe com um a menos pelo período do exame ou até uma substituição.
A concussão é uma lesão que pode causar danos irreversíveis ao cérebro. Uma das principais é a ETC. Foi nos EUA que se passou a ligar a encefalopatia traumática crônica a outros esportes que não apenas o boxe. A doença neurodegenerativa é causada por pancadas repetidas na cabeça, que se leva à perda de memória e falta de atenção, dor de cabeça e evolui para agressividade, confusão mental, podendo levar ao suicídio. Há casos na NFL, a liga profissional de futebol americano, que ano a no tem tentando evitar que atletas que sofram concussão joguem antes de estarem recuperados.
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