Copa do Qatar: documento oficial restringe, mas não veta cerveja em estádio

O código de conduta do estádio da Copa do Mundo do Qatar não veta a venda e o consumo de cerveja dentro das arenas, apesar de indicar restrições. O documento é datado de 5 de julho e foi enviado às 32 federações que disputarão a competição. Fifa e comitê organizador ainda negociam a liberação e como seria o acesso dos torcedores à bebida.

Desde 2010, quando o Qatar foi escolhido como sede, há dúvidas de como será o consumo de álcool durante o Mundial. Esta será a primeira Copa em um país que não proíbe, mas tem restrições severas às bebidas alcoólicas - há veto de beber em locais públicos, como estádios de futebol. Turistas conseguem comprar em hotéis e a preços bem altos.

A Fifa publica a cada quatro anos o código de conduta do estádio de seus Mundiais. Serve para que as pessoas que acessem as arenas saibam o que podem levar e o que podem fazer lá dentro. No documento de 5 de julho, parte do item que trata da proibição de líquidos e alimentos na Copa-2022 diz o seguinte:

"[é proibido] com exceção de desinfetantes para as mãos não maiores que 100 ml, quaisquer líquidos que contenham álcool, incluindo quaisquer bebidas alcoólicas, a menos que sejam comprados e consumidos dentro de áreas designadas do estádio e em estrita conformidade com quaisquer regras adicionais de consumo de álcool impostas pelos organizadores do evento".

O texto, portanto, abre a possibilidade para que bebidas alcoólicas sejam oferecidas dentro do estádio, em áreas designadas. É certo que pelo menos três regiões de Doha venderão álcool, além dos hotéis, em horários restritos. Mas dentro das arenas a direção da Fifa e a organização da Copa ainda negociam como poderá ser feita essa venda de cerveja.

Uma possibilidade é que só se permita que um torcedor compre cerveja antes e depois do jogo, não durante os 90 minutos, e que seja proibido que ele leve a bebida até o assento. O acesso e o consumo ocorreriam em setores designados, incluindo as áreas de hospitalidade, que prometem pacotes caríssimos com comidas e bebidas à vontade.

Há, porém, uma segunda possibilidade, mais restritiva e que seria de agrado do comitê organizador: proibição da venda dentro das arenas, com os torcedores comprando apenas em setor designado nos arredores do estádio, antes e depois do confronto (e também com horários limitados). Essa versão mais rigorosa consta em um documento obtido pela Reuters no início de julho.

A Fifa tem como um dos principais patrocinadores a Budweiser, marca da empresa AB InBev. Em 2014, na Copa realizada no Brasil, estados que restringem o álcool nos estádios para combater a violência abriram exceções em suas leis, a pedido da Fifa. Em 2018, na Rússia, o código de conduta do estádio liberava álcool para maiores de idade, mas pedia consumo moderado.

Caso haja venda de cerveja dentro dos estádios, os preços ainda serão discutidos, mas espera-se valores altos.