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Marcel Rizzo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Palmeiras erra não em receber o presidente, mas o candidato Jair Bolsonaro

Leila Pereira recebe Bolsonaro no Allianz Parque em jogo contra o Goiás - Reprodução/Twitter
Leila Pereira recebe Bolsonaro no Allianz Parque em jogo contra o Goiás Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

08/08/2022 10h05

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Jair Bolsonaro (PL) foi eleito em 2018 democraticamente presidente do Brasil, com mais de 57 milhões de votos, por urnas eletrônicas e processo eleitoral confiáveis, como sabemos. Concorde-se ou não com atitudes, frases ou ideologia, ele é a autoridade mais importante do país, portanto é natural ser recebido por instituições privadas como é o Palmeiras.

O problema é que no domingo (7), na vitória por 3 a 0 sobre o Goiás pelo Brasileirão no Allianz Parque, o clube, por meio de sua presidente, Leila Pereira, foi anfitrião não apenas do presidente Jair Bolsonaro, mas do candidato à reeleição Jair Bolsonaro. E aí vejo o erro.

A campanha das eleições gerais de 2022 oficialmente só começa na terça-feira da próxima semana, dia 16 de agosto. Mas sabemos que ela já está em andamento, se não em comícios, em eventos que os candidatos participam e nas redes sociais. Não só para Bolsonaro, mas também para os principais concorrentes como Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

Mesmo que não tenha sido feito um estardalhaço com a presença de Bolsonaro no estádio, o post em redes sociais oficiais do clube de Leila com a jaqueta palmeirense e segurando uma camisa ao lado do presidente, a menos de dois meses da eleição, deixa o Palmeiras a léguas de distância de uma neutralidade política que deve ser a regra para associações filiadas à Fifa.

Parênteses: quem estava no Allianz diz que não houve anúncio ou imagem de Bolsonaro no telão, provavelmente mais por receio de vaias do que por cautela por se tratar de um presidente-candidato.

Em seu estatuto, a Fifa prega a neutralidade política, proibindo inclusive manifestações públicas. Está lá no artigo 15. Por ordem da federação internacional, confederações e federações nacionais precisam replicar essa regra em seus estatutos, o que Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e CBF fazem, e os clubes filiados a elas também precisam seguir.

Mesmo que o Palmeiras não tenha associado Jair Bolsonaro às eleições, ou feito campanha explícita, e seja inviável dizer não à presença da autoridade, com a eleição batendo à porta o ideal seria o clube evitar a publicidade da presença de Bolsonaro, mesmo ele sendo o presidente.

Esse foi o erro do Palmeiras.