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Por que a Conmebol não mudará a Libertadores para frear domínio do Brasil
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Pela primeira vez na história da Libertadores times de um mesmo país farão a final do torneio por três vezes seguidas. Se você acredita em Papai Noel ou no Coelhinho da Páscoa, talvez acredite também que o Velez Sarsfield possa fazer quatro ou cinco gols no Flamengo, e não levar nenhum, no confronto de volta da semifinal na próxima quarta-feira, no Maracanã.
O Flamengo estará em Guayaquil (Equador) em 29 de outubro, contra Athletico-PR ou Palmeiras, reiterando o domínio brasileiro depois das decisões da edição 2020, entre Palmeiras x Santos, e de 2021, que teve Palmeiras x Flamengo. Os brasileiros começam a se distanciar tecnicamente também dos argentinos, principalmente River Plate e Boca Juniors, que nos últimos anos ainda conseguiam rivalizar e chegar às semifinais e finais da Libertadores.
No ano passado, quando houve a possibilidade de uma semifinal com quatro clubes brasileiros (que falhou com a eliminação do Fluminense para o Barcelona de Guayaquil), dirigentes de alguns países manifestaram preocupação com esse iminente domínio brasileiro, que se resume em ter orçamentos muito maiores do que os concorrentes dos países vizinhos.
Como relatou a coluna na época, o questionamento era financeiro, afinal as maiores premiações são pagas nas fases finais e os brasileiros estavam monopolizando essas etapas. Isso, a Conmebol deve resolver a partir da próxima edição, em 2023, que terá novos contratos de direito de transmissão e de patrocínios começando: haverá aumento importante nos valores das cotas, também em fases intermediárias.
Isso deve, até certo ponto, acalmar qualquer insatisfação com a terceira final seguida entre brasileiros. Porque uma outra alternativa, como criar barreiras que obriguem equipes de um mesmo país a se enfrentarem em fases intermediárias, está descartada e por um motivo que se conecta ao aumento das cotas: os contratos de direitos de transmissão e comerciais estão atrelados à presença em massa do mercado brasileiro na Libertadores. Na ponta do lápis, ter o Brasil dominante é bom para o saldo bancário da confederação e, por consequência, dos clubes.
HISTÓRIA
A Libertadores teve, em dois distintos momentos, barreiras que evitavam a concentração de times de um mesmo país em fases finais. Até 1987, as semifinais eram disputadas em grupos, não em confrontos eliminatórios, mas havia o limite de dois ou três participantes por país, o que minimizava distorções.
A partir de 1988, a semifinal passou a ser no formato mata-mata, mas proibiu-se que times de um mesmo país estivessem juntos nela. Se direcionava as chaves para que se encontrassem até as quartas, algo simples de se fazer quando não havia mais de três concorrentes por federação. Isso acabou na edição de 2000, quando se aumentou o número de participantes — brasileiros e argentinos passaram a ter quatro vagas cada
O problema é que por dois anos seguidos, em 2005 e 2006, a final foi entre clubes brasileiros, o que fez a cartolagem de outros países reclamar — os confrontos foram São Paulo x Athletico e São Paulo x Inter. A partir de 2007, times de um mesmo país teriam que obrigatoriamente se encontrar até a semifinal, com chaveamento dirigido.
Como de 2013 a 2016 as semifinais tiveram times de quatro países diferentes, a Conmebol decidiu abolir essa regra para a edição de 2017, que marcou também o inchaço para 47 participantes. Seria inviável criar uma regra de barreira com seis ou sete brasileiros ou argentinos em ação, por exemplo.
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