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Marcel Rizzo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Copa: VAR semiautomático acaba com a regra da mesma linha nos impedimentos

Imagem do VAR mostra argentino Lautaro Martínez impedido por um ombro - Reprodução
Imagem do VAR mostra argentino Lautaro Martínez impedido por um ombro Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

23/11/2022 10h30

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No início dos anos 1990, a Fifa e a Ifab (International Board), conselho que regula o futebol, mudaram a regra do impedimento para facilitar o trabalho dos auxiliares: um jogador que estivesse na mesma linha do penúltimo defensor não estaria mais em irregularidade.

Avaliou-se que, a olho nu, era muito difícil para o bandeirinha analisar, por exemplo, um ombro na frente. Por isso se o diagnóstico feito pelo profissional em segundos era de igualdade de linha, deixava-se seguir a jogada. Isso aumentaria também a média de gols pós-Copa de 1990, na Itália, que havia sido criticada por jogos amarrados.

Na Copa do Qatar a Fifa inova no VAR, o árbitro de vídeo que já esteve no Mundial da Rússia, em 2018, com o impedimento semiautomático. Além de diminuir o tempo para entender se um jogador está ou não em posição ilegal após marcar, também acabaria com erros no traçado das linhas horizontais e verticais que tentam identificar as partes do corpo de cada atleta, e que no Brasil é bastante criticado.

O VAR semiautomático já anulou alguns gols neste Mundial que, a olho nu, poderiam ser considerados mesma linha. Dificilmente o computador vai apontar que dois atletas estão com os corpos totalmente alinhados, portanto é possível dizer que essa tecnologia acabou com a regra da mesma linha.

No jogo em que a Argentina perdeu de 2 a 1 da Arábia Saudita, ao menos dois gols argentinos foram anulados em lances bem ajustados, por ombro à frente, por exemplo. A imprensa argentina publicou até que o VAR semiautomático teria calculado errado a posição do corpo de Lautaro Martínez com o defensor saudita, que daria uma vantagem de 2 a 0 — a Fifa não se pronunciou.

No Qatar esse sistema usa 12 câmeras localizadas na cobertura dos estádios e controla até 29 pontos de dados por jogador, 50 vezes por segundo, incluindo as extremidades e membros pertinentes para a análise de situações de impedimento, como detalhado pela Fifa.

Como tudo depende do exato instante em que a bola é chutada, um sensor no centro da Al Rihla, a bola oficial, envia dados para a sala de visualização, iniciando então o processo de análise.

O VAR ainda desagrada saudosistas, agrada os que gostam de tecnologia, deve acabar com uma das regras do impedimento, mas diferentemente do que se pensava há quatro anos, quando estreou, não encerrou a polêmica. E parece que nem o computador do semiautomático vai conseguir isso.