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Marcel Rizzo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

2022 não é 2014: o Brasil vai sobreviver sem Neymar na Copa do Qatar

Neymar com o tornozelo inchado após partida contra a Sérvia - AFP
Neymar com o tornozelo inchado após partida contra a Sérvia Imagem: AFP

Colunista do UOL

25/11/2022 12h50

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O atacante Fred passava animado pela zona mista do estádio Castelão, em Fortaleza, depois de o Brasil vencer a Colômbia por 2 a 1 e se classificar para a semifinal da Copa do Mundo de 2014. Quando um jornalista o avisou: "Neymar está fora da Copa". Fred abriu a boca, reação natural de espanto e conseguiu balbuciar algo como "é verdade?".

Seu rosto traduzia o que todos sabiam: aquela seleção, sem Neymar, sofreria (uma fratura na vértebra acabou com a Copa do camisa 10). Ninguém imaginava, claro, que o sofrimento seria a derrota de 7 a 1 para a Alemanha, no Mineirão, a pior da história brasileira em Mundiais justo em casa e a um jogo da final. Em 2014, a "Neymardependência" estava no auge, mais até do que quatro anos atrás, na Rússia. Mas e em 2022 na Copa do Qatar?

Nesta sexta-feira, a CBF confirmou que o camisa 10 sofreu um entorse mais forte no tornozelo direito, com lesão ligamentar e edema ósseo. Vai ficar fora com certeza dos dois jogos finais da fase de grupos, segunda-feira contra a Suíça e na sexta da semana que vem frente Camarões, e vira uma incógnita de como ele estará fisicamente a partir das oitavas de final. Sorte de Tite que, finalmente, acabou a "Neymardependência".

Neymar tem no Qatar, a seu lado, o melhor elenco, comparando com 2014 e 2018. Pode-se se dizer que é a relação mais talentosa do país desde 2006, quando um time com Kaká, Ronaldo, Ronaldinho e Adriano fracassou na Alemanha. Vini Jr; Richarlyson, Raphinha, Gabriel Jesus, Antony, Rodrygo, Martinelli e Pedro são as opções para o ataque. Muitas, e ótimas, opções.

Mérito de Tite, que ao convocar 26 jogadores, e não os tradicionais 23, recheou o setor ofensivo de opções, principalmente a nova geração liderada por Vini Jr., que pode suprir com qualidade a falta de Neymar.

Se nas Copas de 2010, 2014 e 2018 os técnicos olhavam para o banco e não tinham soluções para mudar o ritmo de um jogo (por culpa de suas escolhas), Tite parece ter aprendido e em 2022 tem até opções demais — e parece que quis colocar todos os garotos logo na estreia para a ansiedade evaporar.

2022 não é 2014. E o Brasil pode sobreviver sem Neymar.