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Marcel Rizzo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Crueldade do futebol não pode minimizar os erros em eliminação da seleção

Tite, sozinho no banco de reservas, durante a partida entre Brasil e Croácia pelas quartas de final da Copa do Qatar - HANNAH MCKAY/REUTERS
Tite, sozinho no banco de reservas, durante a partida entre Brasil e Croácia pelas quartas de final da Copa do Qatar Imagem: HANNAH MCKAY/REUTERS

Colunista do UOL

13/12/2022 14h00

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O futebol é cruel: um trabalho de anos é julgado por um mísero erro de seu time, ou ainda pior, da arbitragem. Não é de hoje que, no Brasil principalmente, não importa que você deixe o comando de uma equipe com só três derrotas em 81 jogos. Se não ganhou, não presta.

Entender a crueldade, entretanto, não pode fazer você ignorar erros cometidos que podem ter influenciado para o fracasso. Não há campanhas perfeitas, mesmo quem vence passa por turbulência, comete gafes e até depende da sorte. A diferença é que aquele que perde vê expostas essas falhas.

Qual o balanço do trabalho de Tite na seleção brasileira? Um título da Copa América, em 2019, um vice em 2021, perdendo da arquirrival Argentina na final dentro do Maracanã, campanhas ótimas nas Eliminatórias para a Rússia, em 2018, e para o Qatar, em 2022, mas eliminações nessas duas Copas nas quartas de final. Bom? Regular? Ruim?

Ao analisar os resultados apenas, parece ruim. Mas Tite deixou o comando da seleção brasileira reverenciado por seus subordinados, os jogadores. Jornalistas acompanham de perto um ciclo entre Copas na seleção brasileira, mas não de dentro. A reação dos atletas mostra que internamente havia cumplicidade, o que não exime o elenco e a comissão técnico de erros. Erros que ajudam a explicar uma derrota.

Por exemplo: nesta terça-feira (13) leio que o atacante Richarlison tem uma lesão no tendão da coxa, sofrida contra a Croácia. A transmissão da TV Globo do 1 a 1 que acabou nos pênaltis, com Galvão Bueno, Júnior e Ana Thais Matos, notou que Richarlison não parecia bem, ainda no primeiro tempo. Ele deixou o campo para entrar Pedro, mas antes saíram Raphinha e Vini Jr.

Richarlison jogou boa parte do jogo sem condições? Ao que parece, sim. Um erro, já que ele saiu apenas aos 38 minutos do segundo tempo. Soma-se a isso Neymar não cobrando pênalti e a pressão na bola que gerou o contra-ataque, e o gol, croata no fim do segundo tempo da prorrogação, e não podemos creditar a derrota somente ao acaso ou a um dia, ou quatro minutos, ruins.

Tite fez um bom trabalho, a meu ver. E daqui alguns anos vamos perceber que ele participou da transição de gerações na seleção brasileira, e essa próxima me parece melhor do que a anterior. Sorte do futuro treinador.