Torcida quer saber se Jorge Jesus vai embora, mas a Fla TV não perguntou
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Nos dias que antecederam a final da Taça Rio, dois assuntos tomaram o noticiário esportivo, ofuscando o Fla-Flu, o que dá a noção do esvaziamento dos campeonatos estaduais. Um deles, a transmissão do clássico. Outro, a novela portuguesa Flamengo-Jorge Jesus-Benfica.
Se qualquer torcedor, rubro-negro ou não, pudesse fazer uma pergunta ao técnico hoje, 100% de chances de ele ouvir: "Mister, o senhor vai voltar para Portugal ou continuar trabalhando aqui no Brasil?". Após a vitória tricolor nos pênaltis, ele só deu entrevista ao canal flamenguista no YouTube. E a Fla TV não fez a pergunta básica ao treinador.
Consequentemente, o ultimamente comentado veículo não fez o papel jornalístico básico. E não o fez porque a Fla TV, como todo a mídia de clubes, faz muita coisa, menos jornalismo. Elas são meros instrumentos de divulgação (positiva), institucional, de marketing... São quase tudo, menos jornalísticos.
A culpa, obviamente, não é da entrevistadora. Alguém acredita que a direção do Flamengo a incentive e autorize a perguntar o que quiser? Evidentemente não era pauta interessante para Jorge Jesus, ainda mais valorizado com os dois clubes que detêm as maiores torcidas no Brasil e em Portugal a disputá-lo. Aparentemente esse ponto também não atraía os dirigentes. Mas era o que a torcida queria e quer saber, quem deu importância a isso?
Deveria haver uma entrevista coletiva. Nas circunstâncias, por vídeoconferência ou com perguntas enviadas à distância, por WhatsApp. Poderia ser até mesmo como na Premier League, que permite questionamentos específicos dos repórteres aos personagens após os jogos. Mas Jorge Jesus só falou à Fla TV. Cômodo. Conveniente.
Claro, uma coletiva não nos livra de perguntas insossas e do jornalismo chapa-branca, como a constrangedora última entrevista da seleção brasileira deixou claro. Mas como naquela ocasião, certamente alguém perguntaria o essencial ao técnico. E mesmo que ele fugisse da questão e não respondesse, seria um importante sinal em meio ao assédio do Benfica e o silêncio do treinador.
Pobre do ingênuo torcedor que acha possível se informar por canais oficiais de clubes. Coitado do cidadão que considera dispensável o jornalismo. São criaturas dispostas a serem iludidas, a terem informações a elas sonegadas. Gente que se apresenta voluntariamente para ser enganada.
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