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Mauro Cezar Pereira

Ingenuidade? Landim ainda contava com Jesus, que já acertava com o Benfica

O técnico Jorge Jesus e o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro - Thiago Ribeiro/AGIF
O técnico Jorge Jesus e o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, no Plenário da Câmara Municipal do Rio de Janeiro Imagem: Thiago Ribeiro/AGIF

17/07/2020 19h52

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Por volta das 12 horas, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, se preparava para dar entrevista coletiva sobre o novo time de vôlei rubro-negro. O microfone estava ligado e captou as palavras do dirigente, que conversava sobre a permanência, ou não, do técnico Jorge Jesus, ante o interesse do Benfica em tê-lo novamente:

"Acho que sim, acho que ele não está viajando. Eu nem falo nada. Vou ficar perguntando? Eu conto com ele (inaudível). Acabou o jogo falou assim...", disse Landim em áudio que vazou na transmissão da Fla TV.

Enquanto o presidente dizia ainda contar com Jesus, o treinador já havia acertado com o clube português. Por volta de 15 horas, como o UOL publicou, já estava o dirigente mais próximo dele, Marcos Braz, vice de futebol, para comunicar sua demissão e que viajaria, mas em definitivo.

Na últimas semanas Jesus viveu um dilema com o assédio crescente do Benfica. Em meu canal no Youtube, publiquei vídeo em 3 de julho alertando para o fato de os portugueses insistirem na contratação do técnico.

De lá pra cá, como amplamente divulgado, Jorge Jesus não falou com ninguém do Flamengo sobre o tema. Landim, por sua vez, mesmo diante do farto noticiário sobre a possibilidade de saída do português, parecia mais preocupado com Fla TV, MP984, vôlei, My Cujoo, SBT...

Apenas uma pessoa poderia convocar Jesus para uma conversa franca e definitiva antes de o técnico decidir pela saída: o presidente do Flamengo. Nada impediria um diálogo profissional direto, e até um acordo para que ele finalizasse o Campeonato Carioca e dissesse adeus.

O português fez o que lhe interessava, ganhou tempo, negociou melhores condições com o Benfica e vai embora. Não foi correta sua postura com os rubro-negros, que deram tudo o que pediu, o idolatraram e festejaram. Deveria jogar franco desde o começo.

Já o presidente do Flamengo, com o áudio vazado, fica no papel de traído. Chega a passar uma imagem de ingenuidade sobre as coisas do futebol ao dizer depois da final contra o Fluminense que o técnico daria treino na segunda-feira (na verdade a reapresentação será na terça). Agora mais ainda com o áudio antes da coletiva no qual repetiu que contava com ele.

Rapidamente o clube deve encontrar um profissional que seja capaz de dar sequência ao trabalho excepcional do português, alguém que não destrua para construir, mas que siga o caminho que vem sendo trilhado. Com elenco forte, salários em dia, ótima estrutura e um time pronto, não é um desafio tão complexo para alguém minimamente experiente e capaz.

O risco é deixarem a escolha nas mãos dos mesmos que selecionaram o primeiro técnico da atual gestão. Apesar do currículo vitorioso, Abel Braga e seu estilo não combinavam com o elenco que era formado e com as ambições, as metas que o Flamengo estabelecia.

Se os conflitos políticos internos não interferirem, cresce a possibilidade de acharem o nome certo. Uma nova chance para Landim depois de Jorge Jesus driblá-lo tão facilmente, enquanto apresentava Bernardinho. Sobre Jorge Jesus, cabe ao torcedor rubro-negro ser grato, mesmo com a saída... esquisita. Sem ele, nada do que vem acontecendo de bom com o time teria ocorrido.

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