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Mauro Cezar Pereira

Ceni terá tempo para o arrumar o Fla, mas precisa repetir medidas de Jesus

Rogério Ceni gesticula com o time durante a partida Flamengo x Racing, no Maracanã - Alexandre Vidal/Flamengo
Rogério Ceni gesticula com o time durante a partida Flamengo x Racing, no Maracanã Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

02/12/2020 17h17

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O Flamengo junta os cacos da segunda eliminação em 13 dias para reencontrar o caminho do bom futebol e brigar pelo título brasileiro. As desclassificações para o São Paulo, na Copa do Brasil; e Racing, na Libertadores; não abalaram a posição de Rogério Ceni. Apesar de algumas teorias absurdas que sugerem a demissão do técnico, o departamento de futebol rubro-negro considera tal hipótese totalmente fora de questão. A ideia é não deixar parecer terra arrasada, mas medidas terão de ser tomadas.

"Confio no Rogério Ceni e na sua comissão técnica e não vou colocar a parte política como desculpa para os resultados do time. Temos que manter a tranquilidade e ganhar o Brasileirão", disse ao blog o vice de futebol, Marcos Braz. Mas o dirigente terá que mudar a rotina no CT. Desde a saída de Jorge Jesus, o ambiente que era lacrado, restrito aos atletas e demais profissionais que lá trabalham, passou a ser frequentado por mais pessoas, como os membros do chamado "Conselhinho" do futebol.

Em 2019, Jorge Jesus não permitia a presença de "estranhos" ao ambiente de trabalho. Com duas eliminações em tão pouco tempo, Ceni dificilmente terá forças para impor regime semelhante, mesmo que detecte tal necessidade. Por isso Braz, que em janeiro perdeu o apoio de Paulo Pelaipe, devido à não renovação de seu contrato por decisão do presidente Rodolfo Landim, terá que tomar medidas. Sem elas, pode ampliar o risco de mais um fracasso na temporada. "O futebol é blindado pelas críticas que eu e o departamento médico sofremos", garante o vice.

Jorge Jesus comanda treino do Flamengo em meio à pandemia de coronavírus - Alexandre Vidal / Flamengo - Alexandre Vidal / Flamengo
Jorge Jesus comanda treino do Flamengo: sem espaço para intrusos no Centro de Treinamentos
Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

Braz também é muito criticado por sua candidatura a vereador. Ele foi eleito pelo PL com 40.938 votos. "Estou pagando pela candidatura e para a rua fazer campanha mal fui. Estive atrás do time o tempo todo, fui a Minas Gerais e para São Paulo. Só usei o tempo de TV que o partido me ofereceu. Fiz campanha na rua por apenas dois dias", assegurou. Foi mais uma candidatura de dirigente do Flamengo. Em 2018 o então presidente Eduardo Bandeira de Mello fracassou na tentativa de se tornar deputado federal, com 38.500 votos.

O Flamengo da Gente chegou a protocolar projeto de emenda ao estatuto que obrigaria qualquer membro de poder do clube que se candidate a cargo eletivo externo a se licenciar durante a campanha. Em 2018 o mesmo grupo pediu afastamento de Bandeira, quando candidato. Ao mesmo tempo, críticas de viés político e farpas trocadas são perceptíveis nas redes sociais entre integrantes da situação e da oposição, um ano antes da próxima eleição para a presidência rubro-negra. O mandato de Landim vai até o final de 2021.

Os treinos de Ceni vêm agradando no Ninho do Urubu. O entendimento é de que o time apresentou avanços. Em novembro foi o que mais criou situações de gol entre os da primeira divisão, contudo, o aproveitamento foi pífio, inferior a 20%, segundo o Data ESPN (abaixo). As polêmicas envolvendo o departamento médico só deverão cessar se os jogadores estiverem em condições. Contra o Racing, quarta-feira, apenas Gabigol e Thiago Maia não estavam à disposição. O volante, por sinal, não joga mais na atual temporada e fará cirurgia no joelho nesta quinta-feira.

Se o setor médico terá que demonstrar capacidade para recolocar eventuais lesionados em condições, como em 2019, a expectativa técnica é pela aceleração do processo de evolução do time com Ceni, que precisaria dar um salto, acumular vitórias e se firmar na luta pelo título da Série A. Com o Flamengo fora dos torneios que têm mata-mata, o calendário prevê oito semanas livres, sem jogos intermediários, com nove partidas no Rio de Janeiro e sete fora. O compromisso diante do Grêmio só deverá acontecer em 2021, pois o tricolor gaúcho não deverá ter datas em dezembro.

Mas o tempo não bastará para o ex-goleiro. Rogério precisará de condições adequadas de trabalho, sem intrusos no seu dia a dia, corneteiros, palpiteiros e demais personagens, que nos tempos de Jesus mal passavam pelo portão do Centro de Treinamentos. Para tal, o técnico terá que perceber a necessidade de limpar a área e barrar a entrada de quem não tem o que fazer no CT. E ajustes do gênero não serão possíveis sem amplo respaldo da diretoria. O Flamengo precisa de uma espécie "faxina" em sua rotina.

O blog questionou a vice-presidência de comunicação e marketing a respeito da possibilidade de o presidente do Flamengo falar com a torcida (via entrevista) sobre o cenário financeiro do clube após as duas eliminações. Até o momento da publicação deste texto, não obteve resposta.

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