Topo

Mauro Cezar Pereira

Quando Renato Gaúcho "dançou", Felipão e Jorge Jesus "levaram para o motel"

Renato Gaúcho em São Paulo 0 x 0 Grêmio - Marcello Zambrana/AGIF
Renato Gaúcho em São Paulo 0 x 0 Grêmio Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

31/12/2020 17h21

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

"A mim, não interessa ter 70% de posse de bola. Vou te contar uma historinha sobre posse de bola. Teve um cara que pegou uma mulher bonita e levou ela para jantar. Levou para jantar a luz de velas, conversou bastante. Saiu do restaurante, foi na boate e ficou até às 5h da manhã com ela. Gastou uma saliva monstruosa. Aí, na boate, chegou um amigo meu, conversou com ela 15 minutos e levou ela para o motel. Entendeu?"

Assim Renato Gaúcho Portaluppi resumiu a estratégia que lhe valeu a classificação à final da Copa do Brasil, segurando um empate sem gols diante do São Paulo, no Morumbi. Como vencera em Porto Alegre por 1 a 0, o resultado foi o bastante para o Grêmio, por ele comandado.

É compreensível que não queira ter tanto tempo de bola nos pés de seus jogadores. Contra o Santos, na Vila Belmiro, duas semanas antes, a equipe gaúcha foi eliminada da Libertadores: 4 a 1 no placar. Na posse, exatamente 70% para o Grêmio, pelas estatísticas do SofaScore.

Além do paralelo machista e fora de época utilizado por Renato, o raciocínio por ele desenvolvido sobre o tempo de bola sob controle é contraditório. Uma das virtudes gremistas sob seu comando, desde 2016, tem sido a capacidade de jogar competitivamente com e sem ela.

Nas finais que lhe valeram o título da Copa Libertadores da América em 2017, por exemplo, o Grêmio teve mais posse em Porto Alegre, 54%. Venceu. Mas na Argentina foi o Lanús que ficou mais tempo com a pelota, 65% do tempo. Resultado: nova vitória tricolor.

Quarto colocado no Brasileiro de 2018, o Grêmio de Renato foi o time de maior posse de bola nas 38 rodadas, com 55,2%, segundo o site WhoScored. Mas o campeão foi o Palmeiras de Luiz Felipe Scolari, 10º do ranking com 49,6%. Pela teoria "Portaluppiana", o time de Felipão "foi para o motel".

E 2019, o Flamengo de Jorge Jesus, que goleou o Grêmio por 5 a 0 na semifinal da Libertadores, foi campeão da Série A com sobras e liderou na posse de bola (55,9%). O tricolor gaúcho ficou em terceiro (55,1%) e foi novamente quarto nos pontos ganhos. JJ teria jantado, dançado na boate e ido parar no motel? Seria realmente isso?

Siga Mauro Cezar no Twitter

Siga Mauro Cezar no Instagram

Siga Mauro Cezar no Facebook

Inscreva-se no Canal Mauro Cezar no YouTube