Garotos do Ninho: Defensoria vê Fla tentando tirar o tema pensão da justiça
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Dentro de duas semanas, as mortes dos dez meninos do futebol de base do Flamengo no incêndio ocorrido no Centro de Treinamentos do clube completará dois anos. Na semana passada a Coordenação Cível da Defensoria Pública do Rio de Janeiro foi à justiça pedir a suspensão da decisão que encerrou o pagamento de pensão às famílias das vítimas da tragédia do Ninho do Urubu, em 8 de fevereiro de 2019. O objetivo é o restabelecimento dos R$ 10 mil mensais pagas aos familiares. O blog conversou com a subcoordenadora cível da DPRJ, Beatriz Cunha
Qual a alegação da Defensoria para ir à justiça pedir que determine a volta dos pagamentos de pensão as vítimas?
O recurso da Defensoria Pública do Rio de Janeiro foi apresentado ao próprio Tribunal de Justiça, ou seja, os desembargadores que julgarão são os mesmos da decisão anterior. Alegamos que a decisão teve vícios, sendo o mais grave decorrente do fato de que o desembargador extinguiu parcialmente a ação, alegando que o Ministério Público era parte ilegítima, ou seja, não poderia pleitear em favor das famílias dos que morreram. Não se atentou que a defensoria também é autora da ação, assim ela pede que seja estabelecida a decisão anterior de pagamento da pensão, com todas as famílias recebendo os R$ 10 mil mensais. Essa pensão pela reivindicação da defensoria não tem prazo, o que será definido quando da sentença final do caso.
O que o Flamengo teria que pagar de imediato, se atendidas as reivindicações da Defensoria?
A defensoria alega, ainda, que havia outros vícios na decisão, como a extinção parcial da ação, em relação aos familiares das vítimas falecidas, sem que tenha havido pedido nesse sentido pelo Flamengo. Além disso, houve falta de fundamentação na decisão e não foi apresentado o voto vencido da Desembargadora Relatora, pela manutenção do valor da pensão e continuidade da ação em relação a todos os pedidos. A defensoria entende que o Flamengo deve pagar os cerca de R$ 10 mil por mês a todas as famílias.
Qual a estratégia do Flamengo?
O Flamengo entrou antes com recurso, pedindo que seja afastada a ordem de pagamento mensal de R$ 5 mil, a título de pensão, em favor das vítimas sobreviventes. Isso porque a decisão da justiça extinguiu a pensão para as famílias dos mortos e manteve para os que sobreviveram. Mas o clube alega que, entre esses, já houve acordo, já que alguns até continuam no clube, jogando.
E esse novo recurso?
O novo recurso rubro-negro é pela extinção da pensão a todas as pessoas vítimas do evento, alegando que as vítimas sobreviventes já fizeram acordo. Assim, o clube entende que a questão não deve ser discutida na ação, porque já fizeram acordo. Todavia, a Defensoria e o Ministério Público receberam informação de que o clube não observou a boa-fé quando celebrou esses acordos com as vítimas sobreviventes, já que foi apresentado um documento sem que as famílias tenham tido qualquer possibilidade de negociação. Assim, a vontade dessas famílias de celebrar tais acordos encontra-se viciada, uma vez que não lhes foram passadas todas as informações que precisavam para que o seu consentimento fosse verdadeiramente livre. Dessa forma, para a Defensoria, a questão deve continuar sendo tratada na justiça.
Qual o objetivo do clube, afinal?
O Flamengo quer tirar essa discussão do judiciário para que desembargadores não determinem o valor a ser pago e como, desejando restringir as negociações entre os familiares, o clube e seus advogados.
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