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Mauro Cezar Pereira

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bairrismo

Gabigol: ídolo de um Flamengo rico e forte  - GettyImages
Gabigol: ídolo de um Flamengo rico e forte Imagem: GettyImages

Mauro Cezar Pereira

09/08/2022 04h00

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Por anos o Flamengo registrou o maior desperdício de potencial do futebol nas Américas. Torcida mais numerosa do que a população de muitos países e desorganização, times fracos, derrotas.

Há quase uma década começou a reestruturação do clube. Elenco barato e os riscos inerentes à escalação de jogadores menos qualificados tecnicamente. Prioridade: reduzir a dívida.

Para isso houve um esforço no sentido de alavancar receitas. Projeto iniciado alguns anos antes da votação de dezembro de 2012, que elegeu Eduardo Bandeira de Mello presidente.

O que até hoje muitos ignoram é que ele tornou-se mandatário do clube por acaso, já que sequer integrava o grupo. Dias antes do pleito Bandeira virou candidato a convite de Wallim Vasconcelos, impossibilitado de seguir concorrendo à presidência por questões estatutárias.

Assim, Wallim ficou na vice-presidência de futebol, formando ao lado de outros VPs. Casos de Luiz Eduardo Baptista, o Bap (marketing), Rodrigo Tostes (finanças), Rodolfo Landim (planejamento), Gustavo Oliveira (comunicação) e Carlos Langoni (reestruturação da dívida), entre outros.

Adiante houve um racha, muitos vices saíram, mas o clube se protegia, tanto que já tinha uma espécie de lei de responsabilidade fiscal. E Bandeira seguiu reduzindo o endividamento no Flamengo mais estruturado, tendo no executivo Paulo Dutra o profissional responsável pela gestão.

Quando se noticia que fatura R$ 1 bilhão numa temporada e investe pesado em contratações, não é por acaso. Isso acontece como consequência de um trabalho bem feito e inédito entre os grandes clubes do país. Sim, o Flamengo colhe nada além daquilo que plantou.

Com time mais forte, sem mecenas, com perspectivas cada vez melhores, causa inconformismo em quem esperava ver os rubro-negros eternamente atolados em dúvidas. Era ótimo para os demais observar aquele enorme potencial sendo constantemente desperdiçado.

Mas o cenário mudou. Sem saber o que fazer para deter o crescimento do futebol flamenguista, surgem vozes questionando o possível desequilíbrio técnico em campo. Uma espécie de defesa do castigo a quem se organiza e, ao mesmo tempo, uma ode à bagunça administrativo futebolística.

Na mídia, reaparece a pergunta patética, "de onde vem o dinheiro", mesmo com a resposta disponível no site do clube, o que mais publica balancetes, além do balanço anual obrigatório. Preguiça? Não apenas.

Feio. A ponto de nesta segunda-feira aparecer nas redes sociais uma figura constrangedora a ocupar espaço na televisão questionando as contratações rubro-negras. Tudo isso sem qualquer conteúdo.

Uma raquetada explícita na informação e consequente demonstração de ignorância elevada. Com fortes pitadas de inveja e, óbvio, muito bairrismo.

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