Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O supermercado rubro-negro fechou. Agora é o Flamengo quem vai às compras
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Marcelinho Carioca foi para o Corinthians. Leonardo e Júnior Baiano rumaram ao São Paulo. Djalminha, com uma "escala" no Guarani, chegou ao Palmeiras, onde reencontrou Zinho, Marquinhos e Paulo Nunes, este após defender o Grêmio.
Em comum esses sete jogadores tinham a origem rubro-negra. Todos começaram no Flamengo e foram muito mal negociados, em alguns casos "a preço de banana". E, transferidos diretamente ou não, brilharam com camisas paulistas.
Eram os anos 1990, com o clube carioca caminhando para o auge do endividamento e desorganização. Sem Centro de Treinamentos, sem pagar em dia, sem dirigentes capazes de avaliar o potencial de suas mal vendidas revelações.
Os times de São Paulo faziam a festa. Era só chegar na Gávea e encher o "carrinho". Até jogadores contratados como Liédson, que se destacava com seus gols, atravessavam a Via Dutra. Repentinamente o artilheiro virou corintiano já em 2003.
Mas o "supermercado" fechou. E o dono resolveu virar comprador. No Brasil e no exterior, em real, dólar, euro, o que for. É o chamado outro patamar.
A reestruturação do Flamengo dita uma nova ordem. Assim, Santos, Rodrigo Caio, Leo Pereira, Fabrício Bruno, David Luiz, Pablo, Ayrton Lucas, Varela, Pulgar, Thiago Maia, Filipe Luís, Arturo Vidal, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Bruno Henrique, Gabigol, Pedro, Marinho, Cebolinha e outros tantos foram contratados.
Jogadores trazidos do Paraná, Inglaterra, Rússia, Itália, França, Espanha, Minas Gerais, Portugal, Emirados Árabes e... São Paulo. Fora os que já deixaram o clube. A encaminhada contratação de Vitor Pereira sinaliza a ampliação desse alcance do Flamengo e seu poderio.
Se o Corinthians não tem condições econômicas para lhe oferecer o elenco desejado, os rubro-negros provavelmente terão. Em 2013 Mano Menezes deixou o Flamengo surpreendentemente, dizia que os atletas não o entendiam. Meses depois apareceu onde, aparentemente, compreendiam seu dialeto, no Corinthians.
O fluxo mudou, mera constatação. Até porque o problema mal resolvido entre os corintianos e o treinador português é dos corintianos e do treinador português.
O Flamengo está contratando um profissional livre no mercado que o time paulista não foi capaz de manter. Na contramão do trajeto feito por Ronaldo há quase 14 anos, quando, acolhido pelo clube do qual se dizia torcedor, se recuperou na Gávea e foi jogar no Corinthians.
Na época aquilo foi tratado como "golpe de mestre". Não se enxergava a "trairagem" que agora se vê. Estranho, bizarro, conveniente, inútil. Mas não bastará para inverter mais uma vez o fluxo. Ele tem tudo para continuar igualzinho. E por um bom tempo.
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