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Há 15 anos, Hamilton, então rival de Alonso, foi alvo de racismo na Espanha
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Quatro pessoas de perucas escuras, pintadas de preto com camisetas brancas onde se lia "Hamilton's family", ou seja, a família de Lewis Hamilton, piloto inglês de Fórmula 1 que se transformaria no maior campeão da categoria, com sete campeonatos. Em 2008, ele era "apenas" o rival do espanhol Fernando Alonso, que já trazia seus dois títulos mundiais no currículo. E no Grande Prêmio da Espanha os quatro assim se apresentaram. Há 15 anos!
"Não sou racista", disse na ocasião Toni Calderon, um dos fantasiados do circuito de Montmelo, perto de Barcelona. Hamilton ouviu mais insultos racistas caminhando pelo paddock da equipe McLaren, como registraram veículos da Inglaterra na oportunidade. "Nos vestimos para celebrar o carnaval. Queríamos dar um toque de humor", declarou, ainda, o torcedor espanhol à imprensa britânica.
Calderon revelou que nem sequer tentaram barrar o quarteto quando surgiram caracterizados como macacos no autódromo. Ninguém disse uma palavra sequer, afirmou. "Pelo contrário, os seguranças do portão começaram a rir e nos deixaram passar", acrescentou, além de alegar que algumas pessoas que os viram vestidos daquele jeito imaginaram se tratar de fãs do piloto inglês.
"O racismo tem perseguido o esporte espanhol por muitos anos e é comum em partidas de futebol que o abuso seja direcionado a jogadores negros", publicou em 8 de fevereiro de 2008 o jornalista Graham Keeley no diário inglês "The Independent". Já em 31 de outubro do mesmo ano, matéria do "The Guardian" revelava que site de uma filial espanhola da TBWA (parte da agência de publicidade Omnicom), continha comentários referindo-se a Hamilton como um "mestiço".
"O escritório da empresa em Nova York disse não saber por que o site, projetado e de propriedade de sua filial de marketing interativo na Espanha, não foi monitorado para evitar que fosse usado por racistas. O porta-voz Jeremy Miller disse que o escritório principal da TBWA não tinha conhecimento dos problemas com o local e que a responsabilidade pelo que aconteceu era parte de sua filial espanhola", relatou a reportagem de Matthew Taylor, Richard Wray e Giles Tremlett
Todo o ódio a Hamilton era derivado de sua rivalidade com Alonso, que se juntou à equipe McLaren como campeão mundial no início de 2007, mas se viu envolvido em uma batalha contra seu companheiro de equipe. O finlandês Kimi Räikkönen, da Ferrari, foi campeão com 110 pontos, bem pouco à frente dos dois rivais do mesmo time, cada um com 109, e nos critérios de desempate o inglês ficou como vice.
Como Hamilton era um estreante e Alonso tinha dois títulos, muitos espanhóis que, naturalmente, por ele torciam achavam que o britânico deveria se portar como um segundo piloto, ao invés de competir com o colega de equipe, como fez. O tempo mostrou quem era (é) o melhor e segue confirmando que o racismo na Espanha é um problema antigo, que atinge o esporte e precisa ser combatido.
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