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Mauro Cezar Pereira

REPORTAGEM

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Times da América do Norte na Libertadores: maratona aérea seria obstáculo

Seattle Sounders comemora o título da Liga dos Campeões da Concacaf: 11.159 quilômetros separam Seattle de Porto Alegre - Jeff Halstead/Icon Sportswire via Getty Images
Seattle Sounders comemora o título da Liga dos Campeões da Concacaf: 11.159 quilômetros separam Seattle de Porto Alegre Imagem: Jeff Halstead/Icon Sportswire via Getty Images

Colunista do UOL

15/07/2023 12h22

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Uma fake news sobre a inclusão de times da Concacaf na Copa Conmebol Libertadores deixou muita gente em polvorosa nas rede sociais na noite de sexta-feira. Inclusive jornalistas, vários, acreditando naquilo sabe-se lá por qual razão. A respeito disso, fico com o pertinente post de Rodrigo Mattos (abaixo).

Deixando de lado a reflexão sobre nosso trabalho, o trabalho da imprensa, e a maneira como se crê em (quase) tudo o que aparece na rede social, vamos a um exercício de imaginação pertinente diante da aproximação entre as confederações. Afinal, um dia isso pode se tornar verdade: e se os times do hemisfério norte entrassem na Libertadores, como seria a equação logística x calendário brasileiro?

Peguemos o exemplo extremo. Imagine Grêmio ou Internacional enfrentando o Seattle Sounders lá no norte do oeste americano, Estado de Washington. Partindo do Brasil, não há voo direto para aquela cidade dos Estados Unidos, ou seja, a delegação faria duas conexões.

Digamos que o jogo fosse na quarta-feira à noite. Imagine o grupo partindo de Porto Alegre na segunda-feira até São Paulo em uma hora e 45 minutos de trajeto. Após uma espera para troca de aeronave, embarcariam até um aeroporto como o de Houston, em quase dez horas de voo. Nova troca e avião e mais quatro horas e quarenta até o destino final.

Um total de quase 23 horas. Se contarmos do momento em que a delegação deixar o clube no ônibus o check-in no hotel em Seattle, mais de um dia viajando. Viável? Sim. Mas e o calendário brasileiro, que não ajuda e praticamente inviabiliza tal aventura?

Na volta tudo novamente, partindo na quinta-feira para chegar na sexta à tarde e já pensar no jogo de domingo. Talvez segunda-feira para uma melhor recuperação, se a tabela do campeonato ajudar.

Você pensa que um jogo em Seattle seria incomum, longe demais? Saiba que uma partida em Nova York, que fica no lado oposto do mapa dos Estados Unidos, ao leste, demoraria tanto para a dupla Grenal quanto a ida até o Estado de Washington.

Um time paulista encurtaria o trajeto até Seattle, mas não deixaria de ser uma longa viagem, com uma conexão e tudo levando quase 17 horas. Até NYC melhoraria muito, pois nem 10 horas levaria. Mas note: chegamos a uma situação na qual passar metade de um dia entre aeroportos, embarque, voo, desembarque e migração começa a parecer aceitável.

Na viagem mais longa registrada na Liga dos Campeões, o Benfica percorreu 6.173 quilómetros para vencer (2 a 0) o Astana no Cazaquistão. Um trajeto raro, raríssimo, pois times do extremo leste da Rússia e países que integravam a União Soviética não apareciam sempre na competição, e atualmente nenhum deles sequer a disputa devido à guerra na Ucrânia.

Em tempo: são 11.159km separando Seattle de Porto Alegre e 7.681km entre São Paulo e Nova York. Se os times canadenses entrarem nessa imaginária versão da Libertadores, uma delegação do Rio de Janeiro enfrentaria 11.219km para jogar contra o Vancouver Whitecaps, por exemplo.

Para tornar isso viável, ajustes bem específicos teriam de ser feito no calendário do futebol brasileiro, pois os trajetos seriam longos demais e, lembremos, estamos nos referindo a atletas! Sim, profissionais que precisam estar descansados, fisicamente inteiros para desempenhar bem seu trabalho.

Após um dia viajando, quanto tempo seria necessário para isso? Talvez a delegação tivesse que sair antes do Brasil e, na volta, necessitasse de mais tempo até entrar novamente em campo. Complexo. Mas estamos aqui apenas exercitando a imaginação e refletindo a respeito, pois hoje não existe essa possibilidade, pelo menos no curto prazo.

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