Mauro Cezar Pereira

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Everton Ribeiro renova ou não? É raro, mas os cartolas do Fla estão certos

A diretoria do Flamengo termina 2023 como óbvio alvo preferencial de críticas. E as merece. Foi a péssima gestão e o paternalismo que levaram o elenco mais caro da América do Sul a passar uma temporada inteira perdendo títulos, sofrendo derrotas vexatórias e nada conquistando.

Mas quem erra muito também pode acertar, por mais difícil que possa parecer. Se em 2021 contratos de jogadores veteranos foram renovados antes de disputarem a final da Libertadores, desta vez os cartolas têm adotado outra estratégia. Mais racional e profissional, diga-se de passagem.

Na Europa, em clubes com gestão muito mais avançada, atletas a partir de 30, 32 anos não renovam por mais de doze meses. Herói da primeira Champions League conquistada pelo Chelsea, Didier Drogba deixou o clube inglês por exigir mais de uma temporada de contrato. Não conseguiu e foi parar no Shanghai Shenhua, na China.

Os motivos? Jogadores nessa faixa etária estão obviamente próximos do ocaso, do fim da carreira. E nesse cenário, quanto mais longo o compromisso assinado, maior o risco de o clube ficar por muito tempo com um atleta que não rende mais o suficiente. E pagando muito.

Não por acaso todo veterano pede contrato mais longo, é uma obviedade. E nessas horas cabe ao dirigente pensar no clube, nos interesses da agremiação. E para ela evidentemente um compromisso por mais de uma temporada não é uma boa, mas sim um risco evidente. A chance de não compensar é grande.

Everton Ribeiro recebeu proposta por mais um ano. E o Flamengo o manteria no patamar salarial do contrato que se encerra neste último dia de 2023, mesmo após fechar a temporada na reserva e com maiores chances de lá ficar em 2024 com a chegada de De La Cruz.

E por melhor que seja a situação financeira, o clube não pode simplesmente inchar a folha de pagamento sem critério algum, seria um erro e um risco. Quem clama por time forte não pode exigir que se renove contratos sem fazer as contas, seria um contrassenso.

Sim, é uma proposta muito boa, mas o jogador tem o direito de desejar mais. Já o clube não é obrigado a aceitar o que pede. Aí está o impasse. Sendo mais rigoroso, pensando na relação custo-benefício, o que é acenado pelos rubro-negros pode até ser questionado, porque se não recuperar espaço, seria caro demais para um suplente.

O argumento de muitos torcedores passa por gratidão. Mas a proposta atual claramente só existe por isso, pelo respeito que o jogador conquistou, pela sua história iniciada em 2017 e grandes conquistas das quais participou durante esses cerca de seis anos e meio de clube.

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Contudo, Everton Ribeiro completará 35 de idade em 10 de abril e o que o Flamengo faz hoje lembra a postura do Chelsea com relação a Drogba e outros ídolos. Se cobram tanto profissionalismo dos dirigentes, como questioná-los quando têm uma postura profissional?

Há quem questione os três anos dados a Bruno Henrique. Também acho demais. No entanto, há uma diferença: o atacante é quase dois anos mais jovem. Seu novo contrato terminará no dia seguinte ao 36º aniversário. Se ficar por mais um ano, Ribeiro fechará o novo compromisso apenas 100 dias antes de completar 36.

Além disso, a história do camisa 7 e capitão do Flamengo não é feita só de glórias. Esses "heróis" de conquistas são os mesmos que tiraram 42 dias de férias em 2022 e participaram da ridícula campanha de 2023, com queda de treinadores, títulos perdidos e derrotas vexatórias. É raro, mas os cartolas desta vez estão certos.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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