Mauro Cezar Pereira

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OpiniãoEsporte

Há 10 anos, estive no velório da seleção brasileira do 7 a 1

Fui um dos maiores críticos do trabalho da comissão técnica que esteve à frente da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014. O trabalho nunca foi convincente e iludiu a muitos com a conquista da Copa das Confederações, um ano antes.

O torneio entre seleções campeãs continentais era, na prática, a "Copa da Mentira". Quem ganhava se iludia, imaginava estar no caminho do título mundial e quando chegava o certame que realmente importava? fracassava.

Durante aquela Copa do Mundo estive sempre distante do dia a dia da seleção brasileira. Fui escalado para cobrir a Inglaterra e depois da (previsível) eliminação precoce do time britânico, passei a seguir o Uruguai.

Quando a Celeste caiu, fiquei mais "solto" e acompanhei a Argentina contra a Bélgica nas quartas e Holanda na semifinal. Antes, participei da transmissão na estreia diante da Bósnia. Assisti no estádio ao jogo frente à Suíça, e a lógica era fazer a final entre argentinos e alemães.

Estranhamente naquele fim de semana não fui enviado ao Rio de Janeiro, mas a Brasília. Lá o Brasil voltaria a campo após ser massacrado pela Alemanha em Belo Horizonte. Era a disputa do terceiro lugar contra a Holanda.

Me senti como quem embarca rumo a um funeral. Mórbido era ser escalado para cobrir a seleção brasileira depois do jogo histórico que deu razão às minhas inúmeras críticas aquele time, especialmente ao comando técnico. Críticas que viralizaram e até hoje têm ressonância.

A Holanda venceu sem se esforçar, 3 a 0, há exatos 10 anos, totalizando um placar agregado de 10 a 1 naqueles dois últimos compromissos do time cebeefiano. Mas além do fiasco histórico em Brasília testemunhamos a absoluta falta de autocrítica da comissão técnica.

Não se admitiu que o trabalho foi pífio, o desempenho patético, resultando no maior vexame de toda a história, não apenas do futebol, mas do esporte. Ali já era possível notar que o 7 a 1 não deixaria legado algum, jamais sacudiria o futebol brasileiro como era mais do que necessário.

Você tem dúvidas? Então olhe para o momento de seleção brasileira, recorde as participações nas duas Copas do Mundo disputadas depois daquela vergonha. Depois do funeral, resta saber se um dia haverá ressureição.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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