Mauro Cezar Pereira

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Flamengo, Palmeiras e o fetiche brasileiro por mata-mata, que não tem fim

Quando foi eliminado pelo Newcastle na Copa da Liga Inglesa 2023/2024, o Manchester City esteve em campo com um time misto. Pep Guardiola escalou sua equipe sem o goleiro titular, Ederson, a estrela maior, De Bruyne, e o goleador, Haaland. Prioridade para Premier League e Champions.

Adiante o time do norte da Inglaterra eliminou o outro clube de Manchester. Na derrota que o desclassificou, o United também não tinha força máxima no gramado, mesmo sendo um torneio acessível para quem, nesse período de sua história, não briga de fato pelos maiores títulos possíveis.

Campeão, o Liverpool derrotou o Chelsea na final com uma formação cheia de jovens, de reservas. Na sua temporada de despedida, o técnico Jürgen Klopp deu ênfase ao objetivo maior, que era o título do Campeonato Inglês. Mesmo com o confronto decisivo sendo diante de outro grande do país.

Entre os clubes europeus é comum colocar de lado a Copa nacional. Prioridade para campeonato e competição internacional, no caso dos mais fortes, com elencos capazes de brigar nessas frentes com reais possibilidades de títulos. Mas no futebol brasileiro é tudo diferente.

Não por acaso, então recém-chegado ao Flamengo, Jorge Jesus se surpreendeu com a reação de muitos diante da eliminação de seu time para o Athletico-PR, na Copa do Brasil. "Vocês aqui dão muita importância à taça [como os portugueses se referem à Copa]", disse na ocasião.

Jesus queria mesmo era ganhar a liga (o Campeonato Brasileiro) e o certame internacional (a Libertadores). Conseguiu. E certamente, se avançasse naquela disputa, adiante priorizaria essas duas competições, até porque não passa de uma lenda a versão segundo a qual JJ não poupava jogadores.

Os dirigentes de clubes brasileiros não se posicionam a respeito, deixam nas mãos dos treinadores, que acabam sendo levado pela onda criada por imprensa e torcedores, supervalorizando o mata-mata nacional. A muleta mais comum é alegar que a premiação é grande, como se isso justificasse tal opção.

O Brasileiro tem a cota dos direitos de transmissão e paga melhor aos participantes que terminam mais bem colocados, enquanto a Libertadores também remunera por fase alcançada. E no caso de Flamengo e Palmeiras, que se enfrentarão amanhã (31), pela partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, e essa eventual diferença não muda o patamar financeiro dos dois.

Os palmeirenses têm a chance de alcançar algo que só o São Paulo tem: três títulos consecutivos do Campeonato Brasileiro. O Flamengo voltou a liderar em 2024 após mais de 100 rodadas. Com um jogo a menos tem a chance de abrir vantagem sobre seus rivais mais próximos. Mesmo assim, ambos claramente priorizam a Copa do Brasil. O fetiche brasileiro pelo mata-mata não tem fim.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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