Mauro Cezar Pereira

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Dívidas, processo sobre fraude: vale a pena o Flamengo comprar o Leixões?

Nos últimos meses de seu segundo mandato na presidência, Rodolfo Landim insiste na aquisição do Leixões pelo Flamengo. A ideia é tema de polêmica em meio ao clima eleitoral no clube, que elegerá seu novo mandatário em 9 de dezembro. O blog pediu ao especialista Cesar Grafietti uma análise sobre a situação financeira da agremiação que está há 15 anos na segunda divisão de Portugal.

"O faturamento gira na casa dos 2,5 milhões de euros anuais, e o Leixões gasta perto de 2 milhões de euros com salários, operando sempre com prejuízo (em 2022/2023, 870 mil euros). O custo com pessoal é por volta de 82%, muito comum em Portugal. As SADs (versão portuguesas das SAFs) costumam operar assim, com aportes de recursos dos acionistas para fechar as contas, esperando chegar à Primeira Liga (primeira divisão) e tornarem-se lucrativas.

O clube passou por uma espécie de recuperação judicial (chamada de PER em Portugal) e está fazendo os pagamentos. E segue financiando os prejuízos com novas dívidas, quando o mais correto em um processo desses seria aportar capital. A dívida total para o tamanho do clube é elevada, algo na casa dos 9 milhões de euros, o que equivale a cerca de 3,6 vezes as receitas. Essa é uma característica de várias SADs e associações de futebol portuguesas, muito parecidas com os clubes brasileiros: gastam, têm prejuízo e cobrem com dívidas.

Não é um balanço confortável, mas considerando o modus operandi local, permite ao clube seguir operando. Aqui uma questão importante em relação ao fair play financeiro: se o clube não tiver as contas em dia, não obtém licenciamento e é rebaixado para a última divisão. O que acaba acontecendo é que ao final da temporada renegocia-se as dívidas fiscais, mantendo-se em dia.

O maior problema do Leixões é uma questão legal, pois o clube está envolvido num processo relacionado a fraude de resultados de jogos. Chegou a ser punido com dois anos de suspensão, mas recorreu. A antiga direção e acionistas deixaram a SAD (o presidente, Paulo Jorge Coelho Lopo, está agora no Estrela da Amadora), e o recurso ainda não foi julgado. Pode ser um problema, caso perca.

Resumindo: cabe no bolso do Flamengo, porque a dívida mais urgente seria de algo como 4 milhões de euros e 5 milhões de euros, renegociável. Algum ajuste na operação, e o clube poderá operar com lucro. Mas é necessário entender qual seria a estratégia. Ter um clube pode ser interessante porque dá autonomia. Contudo, é preciso ter a gestão efetiva.

Um clube de Segunda Liga custa entre 5 milhões de euros e 6 milhões e euros, que é quase o valor da dívida. Importante: só na Primeira Liga os valores de venda de jogadores são realmente relevantes para um clube como o Flamengo".

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