Mauro Cezar Pereira

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Violência policial contra torcedores usada para vitimizar uruguaios presos

No Brasil, a violência da polícia militar contra os torcedores é coisa antiga. E não importa a nacionalidade, podem ser estrangeiros ou brasileiros, quando algum foco de tumulto começa dentro do estádio, a borracha entra em ação.

Mediar? Acalmar os ânimos? Oferecer segurança aos que estão próximos e não provocaram confusão? Nada disso parece integrar a cartilha policial numa arquibancada. Um problema antigo, que precisa ser atacado e é quase ignorado.

Essa truculência é motivo de reclamação dos de outros países, entre outras ações. Como a retenção de torcedores do Racing fora da Neo Química Arena na semana passada, impedindo-os de assistir grande parte do jogo contra o Corinthians.

Leia: Jornal argentino crítica PM no Maracanã: 'Agredidos'

Aqui a polícia faz isso com todas, um absurdo. Se a intenção é evitar a chegada das organizadas brasileiras e das barras estrangeiras simultaneamente à entrada da torcida local, mais adequado seria escoltar os visitantes bem mais cedo.

Mas os acontecimentos envolvendo torcedores do Peñarol no Rio de Janeiro foram gravíssimos e não têm relação com o problema acima citado. Foram presos, como seriam brasileiros que protagonizassem confusão às margens do Rio da Prata, em Montevidéu.

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Uma falsa narrativa tenta vitimizar os torcedores detidos, que foram os personagens de enorme confusão na semana passada. Chegaram à praia no Rio de Janeiro antes do amanhecer e deram início à série de problemas que foram observados.

Uma das falsas versões trata de uma suposta união entre torcedores dos clubes cariocas contra os do Peñarol. Uma tolice, algo absolutamente impossível. O confronto foi com a própria comunidade local e depois com a polícia.

Você acha que torcedores de River Plate, Boca Juniors, San Lorenzo, Racing e Independiente fariam uma união? Ou os barras de Peñarol e Nacional dariam as mãos? Mas de tanto que se repetem essas fake news, há mais gente nelas acreditando.

Em 2019, antes de Flamengo x Peñarol, hinchas do mesmo time uruguaio brigaram com brasileiros na praia de Copacabana. Um homem de 54 foi atingido quando tentava apartar e passou dez meses internado, antes de morrer.

Leia: Morte de torcedor do Fla tem processo arquivado

"Um ônibus de rubro-negros do Espírito Santo encontrou o grupo do Peñarol, que atacou os torcedores do Flamengo. Minha equipe atuou, com auxílio do 19º Batalhão. Quem foi detido não foi para o jogo, e sim para a delegacia. Quem não estava na confusão e estava no local da escolta na hora combinada, foi ao estádio", disse, na ocasião, o comandante do Bepe/PMRJ, tenente-coronel Silvio Luiz.

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E teve mais tumulto na orla carioca neste ano, antes do recente confronto entre rubro-negros e carboneros pela atual Libertadores. E depois do massacre imposto pelo Botafogo, que fez 5 a 0 no Peñarol, o setor destinado aos visitantes teve 330 cadeiras destruídas e mais confronto com a PM.

Os exageros da polícia militar brasileira não podem ofuscar o vandalismo de torcedores ou hinchas, independentemente de onde nasceram ou vivem. Ainda mais reincidentes. Os que não cometeram delitos seguem desfrutando de sua liberdade, de volta ao Uruguai.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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