Mauro Cezar Pereira

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ReportagemEsporte

Eram 5 torcedores do Racing para cada cruzeirense: Brasil, país do futebol?

O serviço de migração do Paraguai registrou no final de semana da Copa Sul-americana a entrada de 40.863 estrangeiros no país. Tal fluxo, evidentemente, foi provocado pela final da Copa Sul-americana, disputada em Assunção por Racing e Cruzeiro.

Argentinos foram 33.506, brasileiros 6.708, de outras nacionalidades 649. Isso significa, na prática, uma proporção de cinco hinchas racinguistas para cada cruzeirense. E estamos falando de dois clubes com grandes torcidas em seus respectivos países.

O fenômeno não é raro. Diante do que se anunciava pela procura por ingressos, na semana passada, em Buenos Aires programas esportivos da TV debatiam o fato de os brasileiros viajarem atrás de seus times muito menos do que os argentinos. E uruguaios também, por exemplo.

Na semifinal da Libertadores, pouco mais de 500 botafoguenses foram a Montevidéu, mesmo depois dos 5 a 0 que o Botafogo impôs ao Peñarol. É fato que o clima era de tensão entre no Uruguai depois dos problemas ocorridos no Rio de Janeiro. Mas ainda assim eram pouquíssimos visitantes.

Na fase anterior, o Flamengo, que detém a maior torcida do Brasil, sequer preencheu o pequeno setor destinado à sua torcida no estádio Campeón del Siglo. Sobraram espaços ante o desânimo dos rubro-negros após a derrota no Maracanã, afinal, a disputa estava aberta.

Na semifinal da Copa Sul-americana, o Lanús, um clube de bairro ao sul da capital argentina, arrastou 4 mil pessoas até Belo Horizonte na peleja frente ao Cruzeiro. E não são raros os casos assim. Em geral, times dos países vizinhos levam mais gente para jogos no exterior.

Na final da Libertadores de 2021, o Palmeiras, que possui a quarta maior torcida do país, não lotou seu setor no estádio Centenário. Foram comercializados aproximadamente 7 mil dos 13 mil ingressos disponibilizados para os alviverdes em Montevidéu.

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Dois anos antes, na decisão da Sul-americana, o Colón, hoje na segunda divisão argentina, levou cerca de 40 mil hinchas a Assunção. O Independiente Del Valle foi campeão, mas o clube de Santa Fé chamou a atenção de todos com aquela imensa presença humana.

Em 2022, o São Paulo, com a terceira mais numerosa torcida do Brasil, também passou longe de lotar seu espaço no estádio de Córdoba, onde foi disputada mais uma final da "Sula". O título, de novo, ficou com o Independiente Del Valle, que tem poucos fãs no Equador.

Nos dias que antecederam Racing 3 x 1 Cruzeiro, teve torcedor vendendo carro para ir ao Paraguai, pegando dinheiro emprestado e houve até quem fosse a pé e pegando carona. Tudo isso foi registrado nas redes sociais e pela imprensa do país, que cansou de entrevistar esses personagens.

Algo que independe de condição econômica, afinal, é de conhecimento geral que há mais brasileiros do que argentinos com poder aquisitivo para bancar tais deslocamentos. Os hermanos claramente fazem mais esforço e se empenham para marcar presença ao lado de seus times.

Realmente os argentinos claramente parecem amar mais seus times, incondicionalmente, a ponto de fazerem de tudo para acompanhá-los. Em meio a tudo isso, fica a pergunta: por que ainda há quem insista em se referir ao Brasil como "país do futebol"?

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