Nasal, o craque cerebral

O Mauro Celso Carvalho escreveu no seu Facebook que o Nasal, seu amigo de infância, estaria completando 70 anos. Morreu em 2013.

Nasal é o Álvaro Volpini de Freitas, irmão da Ana Volpini, multicampeã do vôlei brasileiro. A apresentação serve para o Brasil todo, menos para Casa Branca. Lá, ela sempre será a irmã do Nasal e do Adelmo. Ou Adermo.

O basquete reina em Casa Branca. Cria ídolos. O Nasal era meu ídolo, mesmo antes de eu mudar para lá em 1969, para fazer o Científico, no Instituto dr Francisco Thomaz de Carvalho.

Começou um ano antes, quando Pirassununga sediou os Jogos Colegiais. Aguaí, minha cidade, participou pela primeira vez. Nossa estrela era o Carlos Henrique Rangel Anadan, o Lique. Corria os 75 metros.

Eu era o 12° jogador do time de vôlei. Mal entrei em quadra.

E o que o Nasal tinha a ver com isso?

Ele era o armador do time de basquete de Casa Branca. O cérebro que acionava Nhec e Pinheirinho, os alas. Ainda havia o Éder, pivô e o Pradinho.

Um show.

O primeiro grande time que vi na vida. Em todos os esportes.

Memória afetiva não aceita patrulha escala de valores. Vi Kevin Durante, LeBron, Oscar, Ginobili, Hélio Rubens, mas nada era igual a Nasal, Pradinho, Bigorna, Nhec, Eder, Vaca, Mazinho e outros que vieram depois, como Maccafani, Jorginho Tequila, Júnior, Gustavo, Adelmo...

A quadra do Instituto era de cimento. Nada de cobertura. Mas foi ali que tive momentos felizes e que me aproximaram do esporte.

Nunca conversei com o Nasal. Ele era três ou quatro anos mais velho. Mas tenho lembranças. Um dia, no treinamento, foram 15 ou 20 arremessos certeiros da linha de três. Depois, um bônus. De costas, acertou mais um.

Meninos, eu vi.

Não sei se é o frio que entra pela janela, o tédio da pandemia, uma certa letargia, mas a lembrança do Mauro Celso me fez voltar aos tempos em que um passe do Nasal, um arremesso do Nasal me faziam feliz.

Tinha 16.

Hoje, não há LeBron que me arranque um sorriso.