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REPORTAGEM

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Wagner Ribeiro: "Gabigol é humilde. Argentinos ficaram com ciúme na Inter"

Gabigol não fez muito pela Inter. Para Wagner Ribeiro, foi porque não deixaram - AFP / GIUSEPPE CACACE
Gabigol não fez muito pela Inter. Para Wagner Ribeiro, foi porque não deixaram Imagem: AFP / GIUSEPPE CACACE

08/04/2021 04h00Atualizada em 08/04/2021 10h56

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Wagner Ribeiro já se definiu como o agente mais odiado do Brasil, por defender seus jogadores com unhas e dentes. Por um bom contrato, enfrenta treinadores e diretores. Na entrevista abaixo, ele fala sobre muita coisa, sem medo de polêmicas envolvendo alguns dos jogadores mais célebres com quem já trabalhou. Vaidoso, só não fala quantos anos tem. Brinca dizendo que tem 28 e, depois, a muito custo concede ter mais de 50.

Ele afirma que Gabigol teria sido vítima de ciúmes do ex-jogador e diretor Javier Zanetti e do atacante Mauro Icardi, numa "panelinha" argentina nos tempos de Inter de Milão. Ao mesmo tempo, se diz triste pela sentença decretada contra Robinho em Milão e tenta defender o atacante. Sobre Lucas Moura, conta como o PSG entrou numa concentração da seleção brasileira pela "porta dos fundos" para poder examinar o jogador antes de despejar um caminhão de dinheiro por sua contratação.

Hoje, depois desses astros, Ribeiro aposta em dois garotos: Endrick, que já é sensação na base do Palmeiras aos 14 anos, e Gabriel Abdo, de apenas 12 anos, na base do São Paulo.

Agora vamos lá, jogador por jogador:

Por que o Gabigol não deu certo na Europa?

Como poderia dar certo, se não jogou? Ele chegou à Inter, e fizeram uma festa enorme em um teatro. Todo mundo de black-tie. Uma festa muito maior que a do Kaká. Isso causou ciúme no Zanetti, [ex-lateral direito argentino] que era diretor do clube, e no Icardi [atacante argentino que hoje está no PSG], que era dono do time. Isso é dedução minha, mas os dois argentinos ficaram com ciúme dele. Foi para Portugal, e também não era escalado. Voltou para o Santos e foi artilheiro do Brasileirão e repetiu a dose no Flamengo.

A culpa é dos outros? Ele não errou?

Nada. É um cara super humilde.

Wagner, passamos ao Robinho. Como é sua história com ele?

Muito triste. Eu o conheci com 14 anos, na base do Santos, juntamente com o Diego. Em 2004, fui para a Espanha acertar a transferência para o Real Madrid. Então, a mãe dele foi sequestrada e voltei para comandar as negociações.

Foram duras?

Muito, foram 43 dias negociando. Eles pediram US$ 1,5 milhão e pagamos R$ 500 mil. Depois, coloquei dois seguranças para cuidar do Robinho, mais dois para o pai e dois para a mãe. Seis meses depois, foi vendido por US$ 30 milhões. Mas a tristeza continuou.

Como assim?

Em 2009, estava no Manchester City, teve um problema com mulher, foi absolvido, e depois, outro problema no Milan. Foi condenado, e a carreira acabou.

Quando você fala em problema, significa estupro. Você não fica triste em ver que o garoto de 14 anos virou um condenado por um crime hediondo?

Lógico, mas eu sei que ele não teve culpa. Convivi com jogadores como Ronaldo, Roberto Carlos, Beckham, Júlio Baptista e Robinho, é claro, e eles nunca precisaram de dinheiro ou de forçar relação com ninguém. As mulheres maravilhosas faziam fila para ficar com eles.

A Justiça italiana confirmou em dezembro de 2020 a condenação em segunda instância de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco a nove anos de prisão por estupro coletivo de uma jovem albanesa na madrugada de 22 a 23 de janeiro de 2013, numa boate de Milão chamada Sio Café --na época, o brasileiro atuava pelo Milan.

Robinho: entrevista ao UOL - Marcelo Ferraz/UOL - Marcelo Ferraz/UOL
Robinho concedeu entrevista ao UOL antes da confirmação de sua condenação na Itália
Imagem: Marcelo Ferraz/UOL

Então, o Robinho foi uma vítima?

Lógico. Ele foi assediado. Ela foi safadinha e ficou com ele e mais quatro ou cinco. Muitas mulheres vinham de países pobres como Albânia e Ucrânia e chegavam na Europa para fazer a vida.

E as gravações?

Ah, fala de outra coisa, que você sabe...

Sexo oral, Wagner. É estupro.

Mas foi consensual. Ele tem 37 anos e poderia ainda jogar, mas os patrocinadores exigiram que o Santos não mantivesse o contrato que nem tinha sido assinado. Uma sacanagem com ele.

O contrato de Robinho com o Santos chegou ao fim em fevereiro, sem que ele tivesse ido a campo pelo time vice-campeão da Libertadores. Sua contratação resultou na ruptura de um acordo comercial e na pressão de outros patrocinadores para que o contrato fosse rescindido.

E o Neymar, vai ser o melhor do mundo?

Lógico, assim que o PSG ganhar a Champions.

Ele não precisa mudar a postura? Sempre brigando e sendo expulso?

Ele é o jogador que mais apanha no mundo. Fazem rodízio. Uma hora, se irrita e reage. E ele é punido.

Neymar derrubado - FRANCK FIFE / AFP - FRANCK FIFE / AFP
Neymar sofre falta durante partida entre PSG e Lille, pelo Campeonato Francês
Imagem: FRANCK FIFE / AFP

E por que fica rolando a cada falta?

O pai dele me explicou. Se ele mantém a perna no chão, pode até quebrar em uma falta. Então, ele pula. A pancada dói, mas não quebra. O pai dele me ensinou isso quando ele tinha 14 anos.

Vinícius Jr?

Está mais maduro. É o seu melhor momento. Vai ser titular na próxima Copa

Olha o exagero...

Se o cara é titular do Real Madrid, não pode ser titular da seleção?

Vini Jr brilha contra Liverpool - GABRIEL BOUYS / AFP - GABRIEL BOUYS / AFP
Vinicius Junior comemora gol do Real Madrid sobre o Liverpool pela Champions
Imagem: GABRIEL BOUYS / AFP

Como foi a transferência do Lucas Moura?

Ele estava na Olimpíada em 2012. Estava tudo certo com o Manchester United. O Brasil ia jogar em Manchester e o Gustavo Oliveira, que era diretor do São Paulo, estava lá esperando. Então, o Leonardo entrou no negócio.

Como foi?

Ele estava no PSG. Me ligou e disse que estava montando um timaço, com Thiago Silva, Marquinhos e Obra. Queria o Lucas. Perguntou quanto o United pagaria. Eu falei que seria 36 milhões de euros. Ele falou que pagaria 45 milhões.

E como foi o resto da negociação?

Falei para o Lucas que Paris era uma cidade linda para morar. Ele pediu para falar com o pai dele. Acertamos tudo e falei para o Gustavo voar para Paris. Mas tinha um probleminha.

Qual?

Ele precisava fazer um exame médico com um médico do PSG. Falei com o Andrés Sanchez, que era diretor de seleções da CBF, e ele deixou o cara entrar pela porta dos fundos. E o negócio saiu.

PS - Continua amanhã, com Kaká, Lulinha e Igor Gomes, além do "Messi brasileiro".