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Leão: "Ninguém respeita mais o futebol brasileiro
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Leão estava lá, no México, em 70, "fazendo seu vestibular para ser titular em 74", estava lá, na Alemanha, em 74, e viu o medo nos olhos dos holandeses, em 78, viu a Argentina fazer 6 a 0 no Peru, que tinha o argentino Quiroga no gol. E esteve em 86, quando o certo teria sido estar em 82.
Com tamanho currículo - além de haver dirigido a seleção por um breve período entre 2000 e 2001 - é com tristeza que emite seu diagnóstico:
"O Brasil sempre esteve perto dos títulos. Agora, está cada vez mais longe. Ninguém mais teme e nem respeita o futebol brasileiro."
E, se o diagnóstico vem com tristeza, a esperança não é companheira da medicina apresentada.
"O Brasil precisa de atletas ofensivos, criativos, velozes e individualistas na medida exata. Saber a hora de definir sozinho, encarar."
Abaixo, Leão fala de sua participação nas Copas e do que considera exposição excessiva dos jogadores atuais.
Você tinha 20 anos em 70. Como era ser um garoto em meio a tantos craques?
Um garoto que já havia sido campeão brasileiro, jogado contra o Pelé, a quem eu chamava de Negão, o que seria proibido hoje. Fizemos faculdade juntos.
Eu não era titular, mas tinha condições de ser. Então, tratei aquela experiência como um vestibular para ser o goleiro de 74. Passei, não? Eu vi que aquela era uma geração maravilhosa e que estava no fim. Uma nova surgiria e eu estaria nela.
Como foi em 74 e 78.
O Brasil poderia ter vencido as duas. Outro dia, estava falando com o Rivellino e ele comentou que havia esquecido como aquele jogo com a Holanda foi violento.
Antes do jogo, no aquecimento, dava para ver como estavam preocupados. Estavam com medo. A gente poderia ter feito 2 a 0 no primeiro tempo. E eles ganharam.
Neste jogo, você fez uma defesa incrível em um chute cruzado do Cruyff.
Foi. Ele disse que foi a maior defesa em um chute dele. Aquilo foi intuição e agilidade. Achei que ia chutar ali e me antecipei. Podia ter me dado mal. Ele era um gênio e podia ter metido um três dedos no outro canto, e eu ia ficar com cara de bobo. Foi bonita, mesmo.
Dá para comparar com a defesa do Banks na cabeçada do Pelé em 70?
São muito diferentes. A minha foi intuição e reflexo. A dele, pura técnica. Ele esperou bater no chão e subir. E foi com a mão em leque. Maravilha. Excelência divina.
Dava para ser campeão?
Sim. O Palmeiras tinha muita gente na seleção. Muitos holandeses daqueles jogavam no Real Madrid. E nós ganhamos de 3 a 0 deles no Torneio Ramon de Carranza. Contrataram Leivinha e Luis Pereira. O presidente não me deixou ir.
E em 78, dava para ser campeão?
Lógico, que pergunta! Terminamos invictos, apesar de alguns problemas. O Reinaldo era um craque e estava contundido. O Zico não estava tão bem e perdeu lugar. Tinha algumas indecisões na escalação, mas só perdemos a vaga porque teve problemas fora do campo. Todo mundo sabe como a Argentina ganhou do Peru.
Como você vê os jogadores de hoje?
Estão muito nas redes sociais. É muito marketing, muita festa.
Marketing? Você foi o pioneiro.
Não confunda. Eu fiz uma propaganda de cueca. Nada mais. Comigo não tinha balada, não tinha festa. Eu dormia às dez da noite, acordava cedo e ia treinar porque meu reserva era bom. Jogava todas, não aceitava revezamento. Hoje em dia, lambem muito os jogadores. Nunca fui de festa, mas também nunca fui vaiado. Foi a minha escolha.
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