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REPORTAGEM

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Téo José entrega Rony Rústico "ao povo" e agora quer bordão para Pablo

Téo José, narrador do SBT - Reprodução
Téo José, narrador do SBT Imagem: Reprodução

13/05/2021 04h00

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Téo José estava em casa, vendo televisão, e ouviu Felipe Andreoli, do Esporte Espetacular, usar "Rony Rústico" para referir-se ao atacante do Palmeiras.

O seu bordão, criado a partir de uma música da Blitz, estava em outra emissora, citado por um colega. Nada de bronca. Ficou feliz da vida.

"As pessoas já falavam na rua, e o Andreoli falou na Globo. O Rony Rústico não me pertencia mais. É do povo, e nada pode ser mais legal para um narrador".

E Rony Rústico vai se tornar oficial. Hércules, empresário e protetor do Rony, quase um pai do jogador, disse a Téo que pedirá ao Palmeiras para que o nome na camisa passe a ser Rony Rústico. "Na verdade, estarão oficializando o que já se vê na loja oficial do Palmeiras. Os torcedores compram camisa sem nome e pedem para imprimir 'Rony Rústico'".

Téo José tem uma ligação afetiva com Rony, embora nunca tenha conversado com ele. "Ele tem uma história de vida sofrida, desde que morava no Pará. Eu sabia que ele ia arrebentar e comecei a falar Rony Rústico. Aí, veio o primeiro gol, e eu não estava narrando. Agora está bom demais. A torcida pede para eu narrar jogos do Palmeiras. O Hércules me convidou para um churrasco com o Rony. Daqui a um tempo, com o fim da Covid, vou topar".

Téo José avisou que o SBT vai narrar os dois próximos jogos do São Paulo e que a torcida do Palmeiras invadiu as suas redes pedindo para que ele continuasse com o time. Ele dá sorte - não foi ele que narrou a derrota por 2 a 0 para o River.

Para os jogos do São Paulo, talvez Téo José apresente um novo bordão. "Faz três semanas que estou matutando um bordão para o Pablo, mas ainda não saiu. Ele vai explodir, e eu quero estar junto".

E por que tantos bordões, Téo?

"A narração esportiva precisa ser jornalística e informativa, mas também precisa de entretenimento, principalmente nos tempos atuais, de tanta incerteza".

Os bordões podem vir instantaneamente, como o de Rony, ou demorarem, como o de Pablo. A busca, no caso de Téo José, passa por música - ele é fã de rock dos anos 80 - de novelas - "aperta o play" veio de Malhação - e também das ruas.

"Tem coisa do TikTok também, mas eu tomo cuidado para não exagerar. Tem gente de mais idade e mais séria que pode não gostar. Depois de um jogo, eu faço uma revisão para ver se não fui over".

"Aperta o play" está de castigo. Está no banco de reservas. Voltará na Liga dos Campeões. "Eu criei para o Neymar na Copa de 14. Aí, não estava narrando mais a seleção e usei para outros. Como vamos narrar a Liga dos Campeões, vou reencontrar o Neymar e volto com ele".

E o "avião verde", Téo?

"É uma criação de Edson Rodrigues, uma referência de narração para mim. Ele usava para o Goiás. Eu uso para o Palmeiras, mas dou crédito a ele. Estou querendo usar uma expressão goiana 'tô no 12', que significa tô ligado, tô atento. Logo, vai pro ar".

Téo acha difícil usar bordões no futebol feminino com a mesma descontração que faz masculino. Inimaginável, por exemplo, uma Bete Frígida.

Além de Édson Rodrigues, outras referências são:

José Carlos Araújo: "Ele fala 'gosteei', 'volteeei". Quando era garoto, não perdia uma narração dele".

Luciano do Valle: "Tem horas em que você precisa esquecer técnica, voz e se jogar na emoção. Ninguém fazia como o Luciano".

Galvão Bueno: "Ele cria uma narrativa no jogo que é espetacular. Parece novela. 'Se o Brasil não marcar logo, pode se complicar'. É um enredo maravilhoso".

O projeto esportivo do SBT entusiasma Téo José. Ele não tem medo que Silvio Santos, como é até comum, mude horários de programas e desista hoje do que era prioridade ontem.

"O SBT assinou com a Champions por mais três anos, o que demonstra solidez. O trabalho está sendo muito bem feito, com pesquisas e tudo o mais. Não se escolheu a terça-feira aleatoriamente. Há preocupação artística e comercial. As cotas estão vendidas, e o intervalo comercial está sendo muito procurado. E as afiliadas têm direito a duas cotas comerciais e estão faturando bem. É um projeto sério e forte".

Quando liguei para Téo José, ele me pediu cinco minutos. "Cinco minutos, mesmo, Menon". Estava gravando uma mensagem de alento para uma conhecida que está com Covid. "Eu tive e estava passando para ela como foi".

Então, conte para nós também, Téo.

"Eu, minha mulher e meu filho, que é médico, pegamos. Foi brando, mas a questão psicológica é terrível. Você vai dormir e não sabe como vai acordar, fica pensando que vai piorar. É preciso um acompanhamento psicológico. E precisamos de mais vacina. No mínimo, já era para termos 45% de vacinados. Nos Estados Unidos, a vida está voltando ao normal. No Brasil, só no ano que vem, acho".

Até lá e depois de lá, Téo Rústico vai continuar buscando bordões e se jogando nas narrações.