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OPINIÃO

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Menon: Daniel é mais um milionário bolsonarista, há milhares no futebol

Daniel Alves segura bandeira do Brasil durante partida da seleção brasileira - Reprodução/Instagram
Daniel Alves segura bandeira do Brasil durante partida da seleção brasileira Imagem: Reprodução/Instagram

08/09/2021 12h37

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As palavras confusas de Daniel Alves podem até deixar dúvidas, mas ao colocá-las abaixo do slogan de Bolsonaro - Brasil acima de tudo, Deus acima de tudo - não resta dúvida que ele é um dos 25% que apoia o pacote todo: falta de vacina, desemprego, sopa de osso, racismo, homofobia, tudo que a extrema direita pode oferecer.

E qual a surpresa?

Qual a porcentagem de cidadãos brasileiros que ganham mais de R$ 1 milhão por mês que são apoiadores de Bolsonaro? 99%?

Daniel é um deles. Está defendendo sua classe. Muitos outros jogadores estão do mesmo lado. O lado deles.

O futebol é uma forma de ascensão social. Pessoas pobres, através da bola, vão subindo de vida. E muita gente vive a ilusão de que se manteriam fiéis aí seu passado, à sua história. Não. Podem até visitar a cidadezinha onde nasceram, bater uma bola com antigos amigos de infância, fazer caridade e só.

É mais fácil achar agulha no palheiro - nova essa - do que alguém que tenha consciência social. Mais fácil descobrir autores de frases feitas como nunca foi sorte, sempre foi trabalho, o dicionário é o único lugar onde sucesso vem antes de trabalho, em chinês o ideograma que representa crise é o mesmo que representa oportunidade.

Ao crescer socialmente, o jogador de futebol assume os ideais da sua nova classe social: individualismo e manutenção do que está.

E não é só Daniel Alves. Júnior Capacete, preto e nordestino como ele, também apoia Bolsonaro, que não gosta de preto e nordestino. Mas gosta de rico. Lucas Moura. E quantos mais!

E, sejamos justos.

Quantas pessoas conhecemos, que tiveram muito mais oportunidades de estudo e conhecimento de um garoto pobre que driblava e chutava bem e fez disso o seu futuro, agem igual?

Conseguem uma promoção e não olham de lado mais? Muito menos para baixo. Trocam o terno Ducal por outro bem cortado, abandonam o sapato Vulcabrás, trocam o kichute por sapatênis e, todo Pimpão, só sai da mesa do superior para cravar 17 na urna.

Amigo, se jogador de futebol tivesse consciência de classe, seria uma exceção no Brasil varonil.

E, se todo jogador bolsonarista não pudesse mais jogar, nossos domingos seriam de tédio, sem o amado futebol.

Viva Raí.

Viva Sócrates

Viva Casagrande.