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OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Menon: Milhões de são-paulinos serão dirigidos por 66 iluminados

Julio Casares (à esquerda) e Olten Ayres Abreu Júnior (à direita) foram eleitos no São Paulo - Divulgação
Julio Casares (à esquerda) e Olten Ayres Abreu Júnior (à direita) foram eleitos no São Paulo Imagem: Divulgação

16/11/2021 04h00Atualizada em 16/11/2021 10h40

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O São Paulo tem milhões de torcedores. Vinte? Dezoito? Quinze? Milhões. E o novo estatuto, que começará a ser apreciado em poucos dias, pretende deixar todas as decisões do clube nas mãos de apenas e tão somente 66 pessoas.

Vamos explicar como se chega a este número:

1) Atualmente, o São Paulo tem 160 conselheiros vitalícios.

2) Para montar uma chapa é necessário ter a assinatura de 55 conselheiros.

3) O atual estatuto determina que: "se uma OU duas chapas não conseguirem 55 assinaturas, poderão se inscrever com 40".

4) Praticamente está garantido que duas chapas serão inscritas. A Oposição terá sempre direito de concorrer.

5) A proposta do novo estatuto diz " Se NENHUMA" das duas chapas conseguir 55 assinaturas, poderão inscrever com 40".

6) Sutil? Ou nem tanto? Na prática, será muito difícil a Oposição se inscrever.

7) Tudo pode piorar. O novo estatuto pretende reduzir o número de vitalícios de 160 para 120. Antes, seria possível inscrever com 40 assinaturas em um colégio eleitoral de 160 pessoas.

8) E então chegamos ao número mágico: 66 iluminados. Se a Situação apresentar sua chapa com 66 nomes, quantos sobrarão? 120 - 66 = 54. Bingo! Não há quorum para inscrição de nova chapa.

9) E piora. As chapas precisam passar pelo crivo do Conselho Consultivo, que reúne ex-presidentes da diretoria e ex-presidentes do Conselho. O estatuto atual obriga que tenham terminado o mandato. O novo, não. Basta ter completado um mês no cargo. Ou seja, fica mais difícil fazer uma chapa e fica mais fácil vetar uma chapa de Oposição.

10) Tudo o que foi dito acima, vale para eleições de outras instâncias deliberativas: conselho fiscal, de ética etc.

Quem tem 66, tem tudo.

Manda no São Paulo.

Um clube popular nas mãos de pouca gente. Sem abertura para novas ideias.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL