Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Menon: Milhões de são-paulinos serão dirigidos por 66 iluminados
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O São Paulo tem milhões de torcedores. Vinte? Dezoito? Quinze? Milhões. E o novo estatuto, que começará a ser apreciado em poucos dias, pretende deixar todas as decisões do clube nas mãos de apenas e tão somente 66 pessoas.
Vamos explicar como se chega a este número:
1) Atualmente, o São Paulo tem 160 conselheiros vitalícios.
2) Para montar uma chapa é necessário ter a assinatura de 55 conselheiros.
3) O atual estatuto determina que: "se uma OU duas chapas não conseguirem 55 assinaturas, poderão se inscrever com 40".
4) Praticamente está garantido que duas chapas serão inscritas. A Oposição terá sempre direito de concorrer.
5) A proposta do novo estatuto diz " Se NENHUMA" das duas chapas conseguir 55 assinaturas, poderão inscrever com 40".
6) Sutil? Ou nem tanto? Na prática, será muito difícil a Oposição se inscrever.
7) Tudo pode piorar. O novo estatuto pretende reduzir o número de vitalícios de 160 para 120. Antes, seria possível inscrever com 40 assinaturas em um colégio eleitoral de 160 pessoas.
8) E então chegamos ao número mágico: 66 iluminados. Se a Situação apresentar sua chapa com 66 nomes, quantos sobrarão? 120 - 66 = 54. Bingo! Não há quorum para inscrição de nova chapa.
9) E piora. As chapas precisam passar pelo crivo do Conselho Consultivo, que reúne ex-presidentes da diretoria e ex-presidentes do Conselho. O estatuto atual obriga que tenham terminado o mandato. O novo, não. Basta ter completado um mês no cargo. Ou seja, fica mais difícil fazer uma chapa e fica mais fácil vetar uma chapa de Oposição.
10) Tudo o que foi dito acima, vale para eleições de outras instâncias deliberativas: conselho fiscal, de ética etc.
Quem tem 66, tem tudo.
Manda no São Paulo.
Um clube popular nas mãos de pouca gente. Sem abertura para novas ideias.
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