Menon: Fagner merece estar na seleção de Tite

Eu trabalhei em A Gazeta Esportiva de 1992 a 1997. Muito orgulho. Em 93, após a perda da Copa América, o editor passou a pedir/exigir matérias defendendo que só fossem convocados jogadores que estivessem atuando no Brasil.

Na época, eu era um velhinho bocudo e contestei a ordem. Por um simples motivo: o jogador que estava atuando no Brasil em uma convocação estaria na Europa na próxima. O êxodo já era grande.

E não é só isso. Os jogadores que estão na Europa enfrentam adversários mais difíceis, atuam em campeonatos mais qualificados e merecem estar na frente dos nossos brasileirinhos.

Nem sempre deve ser assim.

Vamos fazer uma comparação entre Emerson Royal e Fagner nos últimos três anos.

Emerson chegou ao Barcelona em 2019 e foi repassado ao Betis. Fez 7 jogos. Em 2020, 32 e em 2021 mais 34. Atuou ainda 4 vezes pelo Barça. Foi vendido pelo Tottenham e vai lutando por seu espaço, agora com 26 partidas completas.

E Fagner?

Sempre no Corinthians, fez 60 jogos em 2019, 54 em 2020 e 47 em 2021.

Os 103 jogos de Emerson Royal na Europa valem mais que os 161 de Fagner, pelo Corinthians? Sem falar que Fagner está perto de completar 500 jogos (Emerson tem 130), já foi campeão brasileiro e esteve na última Copa.

Para ser justo, Emerson tem duas vantagens sobre Fagner: é nove anos mais jovem e 13 centímetros mais alto.

E o que adianta?

Na seleção de Tite, nunca jogou bem. E foi um fiasco contra o Equador. Levou um baile, fez duas faltas ridículas e terminou expulso na metade do primeiro tempo.

Foi substituído por Daniel Alves, 38 anos, que também jogou muito mal.

Se as coisas continuarem assim, não será surpresa se Tite recorrer ao velho pupilo Fagner. Pode ser uma solução, mas está muito mais para uma preocupação.