Menon: Abel, entre a seita e a exigência exagerada

Abel Ferreira, bicampeão da Libertadores, deveria ser uma unanimidade. Não é. E qualquer crítica ao seu trabalho, é contestada de maneira virulenta.

Jornalistas se revoltam com outros jornalistas. Não por terem jogado um tomate em Abel. Apenas por não gostarem do estilo de jogo que implantou.

São exigências exageradas. Ninguém é tão questionado assim. Muito menos, um vencedor como ele. Ninguém é tão defendido assim.

Haters? Não, de jeito nenhum.

Seita, como definiu o colega André Rocha? Vejo um pouco disso sim.

Eu vejo um valor incrível em Abel Ferreira. Vejo seu estilo pragmático muito parecido com o de Muricy no São Paulo 2006/08. Um vencedor como há tempos não se via por aqui. Um líder. Condutor

É um ótimo técnico.

Mas não sinto prazer em ver o Palmeiras jogar. E não é porque torço para o São Paulo. Não, porque eu tinha prazer estético em ver a Academia de 72 jogar. E os times de Luxemburgo, muito mais.

Abel pode ser chamado de melhor técnico da história do Palmeiras. Não é algo que cause estranheza. Mas o Palmeiras já teve times melhores, com treinadores mais ousados.

É uma distinção simples. Pode até não ser verdadeira para muitos - beleza não se discute, é questão de gosto - mas só merece tanta revolta.

Os abelistas consideram toda crítica a Abel como:

Perseguição a Abel

Desrespeito ao Palmeiras

Xenofobia

E, por falar em xenofobia, eu achei muito estranho o dia em que Abel externou seu orgulho exacerbado em ser português e europeu. Na disciplina do europeu, o que, implicitamente, aponta os sudacos como donos de talento e sem apego ao trabalho

Clichê total.

Não afeta o que penso dele como treinador - um vencedor pragmático que teve uma postura covarde com o Chelsea - mas me impede de ter simpatia por seu posicionamento fora do futebol.

Eurocentrismo é tão grave quanto xenofobia.