Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Menon: O Brasil precisa defender Pelé do eurocentrisno revisionista
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James Carragher (WTF?) ironizou Pelé em um programa da televisão inglesa. Coloca em dúvida o número de gols do Rei. Diz que não foram 1000. Não, mesmo. Foram 1283 em toda a carreira. Se tirar aqueles da seleção do exército, sobram 1280.
Carragher e outros revisionistas se apegam ao conceito de jogos amistosos. Os gols não deveriam ser contados.
Talvez ele tenha ouvido de seu pai ou avô, traumatizados com um jogo amistoso. Foi em 25/11/1953, um dia antes de o Degas aqui nascer. Os ingleses, "inventores do futebol e o melhor time do mundo", estavam invictos contra seleções estrangeiras em seu mítico estádio.
E desafiaram a Hungria, campeã olímpica do ano anterior. Foram humilhados com um 6 x 3.
Um jogo amistoso. Cantado em prosa e verso pelos húngaros. Chorado com lágrimas de sangue pelos ingleses.
Os times brasileiros faziam excursões pela Europa. E derrotavam gigantes europeus. E eles, reescrevendo a história, querem arrancar da história esses gols, essas vitórias, baseados em um eurocentrismo ridículo.
Ao questionarem gols de Pelé no campeonato paulista, de Garrincha no Rio, estão questionando a própria grandeza do nosso futebol. Em uma época em que havia poucas transferências para a Europa, os grandes jogadores brasileiros estavam no Brasil. E havia times maravilhosos. Com adversários duríssimos.
Qual a diferença técnica entre os rivais de Santos e Botafogo para os rivais de Barcelona e Real Madrid? E nem vamos falar do primário e grotesco futebol inglês, que só melhorou com a chegada de estrangeiros.
Para ser mais que Messi, CR7 e outros, Pelé não precisaria ter feito 1000, 500 ou 100 gols. Bastava ter feito um. Contra Pais de Gales, na Copa de 58. Matou no peito, deu um chapéu e tocou no canto. Tinha 17 anos. Ah, repetiu a dose na final, contra a Suécia. 17 anos.
Triste é saber que há brasileiros embarcando no revisionismo. Talvez, em seu imenso complexo de vira-latas, mudem de ideia aí saber que foram os estrangeiros que deram a Pelé o título de Atleta do Século. Podem acreditar agora.
Dizem que Pelé não jogaria hoje porque as condições físicas dia jogadores atuais é muito maior. Pois, é. Imagine Pelé tendo acesso a esse tipo de preparação...
Acho que seria melhor que Harry Kane (modo ironia ativado).
A CBF, essa entidade ridícula, deveria fazer uma grande cruzada em defesa do legado de Pelé. Mas, não se pesca em terra seca. De onde nada se espera é que nada sai.
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