Menon: Casares e Leila estavam certos em tentar levar vantagem

Vamos falar a real?

O São Paulo não estava preocupado em seguir o regulamento. Se tivesse show no Morumbi, faria o mesmo que Leila fez.

Queria obter a vantagem de tirar a final do campo do Palmeiras.

E fez muito bem.

Não vejo nada de errado.

Em setembro de 2020, o Flamengo teve um surto de Covid. Tentou adiar o jogo contra o Palmeiras. Tentou levar vantagem.

Estava certo.

O Palmeiras negou

Estava certo também.

Imaginem a pressão que Júlio Casares sofreria de sua torcida se aceitasse jogar no sábado.

Imagine a pressão que Leila Pereira sofreria de sua torcida se aceitasse jogar em outro estádio.

Futebol é paixão. No Brasil, é paixão desenfreada. Ninguém abre mão de nada.

Alguns colegas imaginam que uma reunião de dirigentes de clube em véspera de decisão deveria ser uma tertúlia como o chá das cinco da Academia Brasileira de Letras.

Uma entidade inútil que nada faz pela cultura brasileira. Conhecem algum concurso da ABL para lançar novos autores? Para criar uma enciclopédia?

Ou então, uma reunião de diplomatas europeus, com punhos de renda.

Para quê?

Para decidir a pilhagem da África?

Quem fica com qual país? Com qual riqueza?

E os tais colegas, eurocentrista até a medula, revoltados com a falta de fairplay no futebol, acham que o fato de ninguém ceder nada a ninguém vai inviabilizar a Liga dos Clubes.

A Liga.

A Panaceia.

Aquela que resolverá todos os problemas do Universo em Desencanto.

Sou contra fairplay em campo e fora dele. Se um jogador está caído cabe ao árbitro parar o jogo. Não a um adversário.

Os que querem mudar o futebol na verdade querem transformá-lo em algo anódino, insípido e chato pra caramba.

Prefiro colocar minha energia na luta contra o messias que ameaça não aceitar o resultado das urnas.