Rafael Ramos é inocente e Edenílson não é culpado. Nada de desculpas

O Corinthians contratou uma empresa especializada e o laudo decretou que Rafael Ramos não chamou Edenílson de macaco. Foi "f**a-se, mano, ca***".

Fez bem o Corinthians. Não tenho por que duvidar do laudo. Pode estar errado ou certo, mas não posso dizer que é venal. O laudo encomendado pelo Inter tem outro resultado e confirma a ofensa racial.

Edenílson, mesmo que o laudo corintiano esteja correto - repito que não tenho motivos para duvidar - não pode ser culpado ou condenado.

Alguém em sã consciência pode dizer que ele inventou o fato? Que, do nada, em um lance ríspido, resolveu dizer que foi chamado de macaco?

Por que ele iria inventar algo que nitidamente o faz sofrer? Em sua vida toda, muitas vezes deve ter sido chamado assim. Ele e muitos pardos, negros e pretos. Eu me lembro do Marcus Tadeu Coutinho, lá de Aguaí. O Beiço. Nunca o chamei assim. Sempre foi Coutinho. Morreu de Covid no ano passado.

Digamos, então, que Edenílson entendeu errado. É possível. Deveria ter se calado? Esperado o jogo terminar e pedir que uma empresa analisasse o vídeo para depois tomar uma atitude?

Não. Ele ouviu - ou entendeu ter ouvido - novamente a ofensa racial que o acompanha desde pequeno. E resolveu tomar uma atitude corajosa.

Tomara que não haja nova ofensa a Edenílson. Tomara que, se houver, ele não se sinta inibido ou intimidado em fazer nova denúncia.

O racismo precisa ser enfrentado e Edenílson, ouvindo bem ou mal - foi corajoso em denunciar o que ele, seus pais, avós, avós e todos os ancestrais já ouviram antes.