Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Jorginho e os estranhos conceitos de família e cristianismo
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Em entrevista a um canal de YouTube, Jorginho, campeão do mundo em 94 e atual treinador do Atlético-GO, disse que votará em Jair Bolsonaro em outubro.
É um direito dele e dizer isso é algo muito óbvio. É um direito que foi reconquistado com muita luta e que está em vigência desde 1989, quando Collor venceu Lula.
Vamos deixar barato que seu candidato ameaça, discurso sim e discurso também, desrespeitar a vontade expressa nas urnas.
O que não dá para aceitar são dois argumentos utilizados por Jorginho. Não falou sobre economia, sobre política externa, liberdades individuais.
Disse que não quer a volta da esquerda porque "sou cristão e sou família".
Uai, cristão é obrigado a votar em Bolsonaro? Não pode votar em Lula, Ciro, Janones, Tebet? Quais são os valores cristãos que apenas o atual presidente defende?
A Bíblia conta que Jesus dividiu o pão com necessitados. Algo bem cristão e que aparece no programa dos opositores de Bolsonaro e não no dele.
E família? Jorginho é família. Que conceito é esse, exatamente? Com certeza, Jorginho exclui famílias como as do senador Cantarato e o ator Carmo Dalla Vechia, casados com homens e com filhos adotados. Ou da atriz Nanda Costa, que utilizou fertilização in vitro para ter gêmeos com a música Lan Lanh.
Se for isso, Jorginho precisa ser coerente e apoiar a indissolubilidade do casamento. Sem divórcio. E não o histórico de seu candidato, que tem cinco filhos de três casamentos diferentes.
Um elástico conceito de família.
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