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OPINIÃO

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Oswaldo de Oliveira, o "diferenciado" pisou na bola

Oswaldo de Oliveira não terá vida fácil para tornar "desafio" no Fluminense um "prazer" - Maílson Santana/Fluminense FC
Oswaldo de Oliveira não terá vida fácil para tornar "desafio" no Fluminense um "prazer" Imagem: Maílson Santana/Fluminense FC

11/09/2022 09h54Atualizada em 11/09/2022 09h54

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Em 1998, no o início do Lance!, a cobertura diária dos clubes era feita por um jornalista veterano e um recém saído da faculdade. No Corinthians, meu parceiro era Chico Silva, muito criativo.

"Vamos entrevistar o Oswaldo, Menon".

"Quem é Chico?"

"O auxiliar do Luxemburgo. É um cara diferenciado. Ele é todo zen. É fã de Chet Baker".

Topei na hora. Sempre era bom ter uma pauta diferente - a cobrança era grande - e eu não queria que o Chico percebesse que eu não fazia a mínima ideia de quem era Chet Baker.

Foi uma bela matéria. Oswaldo era um cara diferente dos outros. Não falava apenas sobre futebol. E seu gosto musical não era apenas jazz, uma vez em Atibaia, já no Palmeiras, cantou e sambou "O show tem que continuar", com Amaral.

Há alguns anos, de volta ao Palmeiras, vindo do Japão, vi um Oswaldo muito irritadiço. No Galo, também. Chegou a chamar um repórter para a briga. E, no Fluminense, o pai quebrou com Ganso.

Perguntei o motivo. Ele disse que havia se acostumado ao Japão, onde tudo é muito mais organizado.

Agora, na Feira do Futebol, organizada pela CBF, Oswaldo falou uma frase cheia de simplificações e, talvez, preconceito.

Disse que treinador brasileiro não pode dirigir nem na segunda divisão de Portugal se não tiver "o bagulho" e que os portugueses tem as portas abertas por aqui, basta dizer "ora pois".

Pra, o tal bagulho é o curso exigido pela UEFA. Uma exigência de qualificação. Aqui, no Brasil, não há a exigência. Nem para portugueses. E nem para brasileiros.

Oswaldo não está sendo chamado para trabalhar por causa dos portugueses. Ou dos argentinos. É tudo uma questão de mercado. Infelizmente, para ele, as portas estão fechadas no momento. Pelo menos em times de ponta.

Os clubes brasileiros estão procurando novos caminhos porque se desiludiram com o que os brasileiros estavam oferecendo.

Eu sou contra exigência de formação profissional para exercer o trabalho de treinador. O clube é que deve decidir qual tipo de treinador deseja. Também sou contra a exigência do diploma para jornalistas de todas as áreas. Advogado também.

O chato é perceber tantos anos depois, que diferenciado era o Chico Silva e não o Oswaldo Oliveira.