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OPINIÃO

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Existe método e rancor na "loucura" de Ciro Gomes

 Candidatos do PDT à Câmara nos estados evitam associar nome à Ciro Gomes  -  O Antagonista
Candidatos do PDT à Câmara nos estados evitam associar nome à Ciro Gomes Imagem: O Antagonista

23/09/2022 11h00Atualizada em 23/09/2022 13h15

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Nos últimos dias, Ciro Gomes:

Chamou Alckmin de socialista.

Disse que o PSOL é financiado por George Soros.

Revelou ao mundo a existência de fascismo de esquerda.

Disse que Lula está frágil física e mentalmente.

Acusou a "esquerda caviar" de cheirar cocaína.

Menosprezou as pautas identitárias.

Defendeu mineração em terras indígenas.

E elogiou Enéas.

Não, ele não ficou louco, apesar de seu comportamento ser parecido com o de Simão Bacamarte.

Não, suas atitudes não podem ser consideradas como desespero e o ato final de uma campanha errada desde a gênese.

Ciro está se posicionando já para 2026. Está repetindo o que fez em 2018, com sinal trocado.

Então, logo após o primeiro turno, deixou o Brasil e não se juntou ao grande movimento anti-Bolsonaro.

O raciocínio foi o seguinte: Lula está preso e vai ficar lá por um bom tempo e eu vou me diferenciar do PT para ser o candidato da centro esquerda em 2022.

Só que havia um hacker no caminho. Lula foi libertado. Fez um discurso histórico e se cacifou como o adversário de Bolsonaro.

Com Lula no páreo, a candidatura de Ciro morreu. Ele tentou conseguir aliados como o PSB, PCdoB, PSD, Alckmin, Marina, Randolfe, Kalil e nada conseguiu. Nada, não. Tem o apoio de Cabo Daciolo, Heloísa Helena e David Miranda.

Sem apoios, com dissidências dentro do próprio partido, sem tempo na televisão, a candidatura foi murchando e o rancor aumentando.

O fracasso é enorme. Começou a campanha com 12,47% dos votos válidos em 2018 e está com 7,5%.

Ciro culpa a todos pelo fracasso. Principalmente Lula, que, mesmo preso, articulou o fim da possível aliança de Ciro com PSB e PCdoB em 2018.

Culpa também os pouco iluminados que não afetem ao seu PND e se embalam com o canto da picanha e cerveja de Lula.

Mas Ciro não desiste. Sabe que já perdeu e começou a aposta para 2026.

Suas últimas atitudes visam colocá-lo como o anti-Lula. Pela direita, é claro. Acredita no fim de Bolsonaro, de volta à mediocridade eterna de sua vida, e quer ocupar esse espaço.

Como um direitista que aposta no desenvolvimento. Como os militares tipo Geisel. Como Enéas.

Esse é o Ciro atual, mas tudo pode mudar. Ele não é louco, mas se comporta como biruta. De aeroporto, ao sabor dos ventos.

E do furacão Lula.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL