Lateral construtor é atraso e que saudades de um cobrador de faltas

Bem, amigos do Blog do Menon.

Minha primeira cobertura internacional foi na Copa América de 93, na bela Cuenca, no Equador. Fiz amizade com jornalistas de outros países. Uma delas foi com Daniel Pereda, que se transformou no maior narrador peruano e Júlio Chiappetta, que trabalhou 28 anos no Clarín.

Eles diziam que eram fascinados pela facilidade com que os laterais brasileiros chegavam ao fundo e faziam ultrapassagens. Repetiam isso por muitos anos, cada encontro em novas coberturas, de Branco, Cafu, Leonardo, Roberto Carlos.

Pablo Carignano e Sérgio Ferraro, também argentinos, eu conheci em 94. E eles se admiravam como os brasileiros chutavam de longe e cobravam faltas beirando a perfeição. Falavam de Zico, Rivaldo etc

Devem estar felizes pela opção brasileira em dar as costas ao seu passado quando vemos laterais de pouca ou nenhuma projeção, laterais que derivam pelo meio. Até Gabriel Menino foi convocado por Tite.

Vimos Raphinha e Vinícius Jr espetados nas pontas e, com maior ou menor intensidade, voltando para ajudar o meio e os laterais.

É bom voltar mesmo porque pouco se pode esperar em termos de criatividade de um meio campo com Fred e/ou Paquetá.

Mas e o resto?

Prefiro o tempo em que ficava nervoso com as agruras da cobertura para Marcelo, Roberto Carlos etc.

E os "pateadores", onde estão?

Não serei injusto e jogar essa deficiência para Tite. O buraco é pior. Mais fundo. Precisa ser enfrentado desde a base.

Ou meus amigos continuarão admirando o passado do Brasil e rindo um pouco das dificuldades de quem virou as costas para suas tradições.

70/120