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"Me senti assaltado na rua", diz sócio do São Paulo processado pelo clube
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Kristian Carneiro Orberg, 41 anos, é sócio do São Paulo e suplente do Conselho Fiscal. Junto com outros são-paulinos, tem um site chamado Movimento 1930, traz sugestões e críticas à direção do clube.
Em uma dessas críticas chamou Júlio Casares, presidente, e Olten Ayres de Abreu Jr, presidente do Conselho, de golpistas. Foi citado em uma queixa crime, em setembro, rejeitada na semana passada.
Ele conta como lidou com o processo.
"Fui surpreendido. Como se tivesse sofrido um assalto na rua. Sempre se pode esperar perseguição política, mas queixa-crime é muito grave.
"Tudo poderia se resolver internamente, mas preferiram a queixa-crime. Tive dor de cabeça e perdi noites de sono, mas resolvi enfrentar o processo. Procurei um amigo advogado criminalista para me defender, mas nem foi preciso. O processo nem foi aceito.
"Para mim, foi terrível.sou formado no Largo São Francisco, onde aprendemos a defender as liberdades individuais e aí, me vejo processado pelo meu clube por causa de críticas contundentes, mas embasadas".
Fábio Machado, sócio e, assim como Kristian, dono do Movimento 1930, também foi processado.
Abaixo, seu depoimento.
"Claro que logo ao saber do processo sentimento natural é de revolta pela injustiça dado que em momento algum houve ofensa pessoal tanto no meu post quanto no texto do Movimento 1930. Apenas criticamos Casares e Olten pela atuação de ambos nos respectivos cargos que ocupam no clube. Mas depois de conversar com nossos advogados, ler a causa com calma e esfriar a cabeça, veio um sentimento de tranquilidade pois ficou muito claro que não havia nada ali a se preocupar do ponto de vista jurídico e se tratava apenas de uma tentativa de nos intimidar, como é modus operandi da atual gestão. Então a revolta foi trocada por um certo orgulho em saber que estamos incomodando aqueles que hoje tão mal fazem ao São Paulo a ponto de os mesmos tentarem nos silenciar na justiça criminal. Outro ponto a adicionar, e neste aspecto a revolta nunca passou, é que infelizmente quem pagou as custas processuais da ação foi o São Paulo. O clube chegou a tentar dar uma explicação da utilização de um seguro para executivos (conhecido no mercado como D&O) que ressarciria o SPFC - mas tal apólice nunca foi apresentada pelo clube e para quem conhece este tipo de contrato - bastante normal no mercado - parece pouco provável de fato haver cobertura para este tipo de ação (na qual os diretores são polo ativo da ação, motivados por uma teórica ofensa pessoal). Enfim, como são-paulino e sócio do clube segue a revolta com o mau uso dos recursos do SPFC, cuja situação financeira é anualmente degradada, inclusive na gestão do atual presidente.
Sequer tivemos essa oportunidade de nos defender, pois o juízo rejeitou a própria abertura da causa, tamanha a fragilidade daquilo que foi apresentado. Mas se tivéssemos que montar, sem dúvida seria bastante simples dado a qualidade do escritório que nos auxiliou no processo e, principalmente, o fato de em momento algum haver qualquer indício de ofensa, calúnia ou difamação no que foi apresentado.
A incompetência, o amadorismo e a politicagem no pior sentido da palavra reinam, infelizmente, no clube. E para se blindar de críticas, a atual gestão já demonstrou diversas vezes seu caráter autoritário usando tanto os comitês e comissões internas quanto a justiça comum para calar adversários. Aconteceu comigo e com o Kristian no caso que estamos falando aqui , com outros 3 sócios processados pelo Olten, com conselheiro da oposição sendo expulso do clube por mensagem de WhatsApp e tendo a decisão revertida na justiça, além de vários e vários outros exemplos. O curioso é que normalmente as tentativas de expulsão ou outras punições internas são revertidas na justiça comum pelos injustiçados, dado o quão claro é o caráter persecutório das ações. Enfim, na vida real o que eles tentam fazer dentro dos muros do social não se sustenta.
Um ponto importante: na primeira tentativa de golpe derrotada em janeiro/2022, uma das mudanças estatutárias previstas era a criação da possibilidade de suspensão preventiva a sócios que cometerem algo a ser caracterizado como ?desarmonia social?, sem o devido direito ao mesmos a se defender nas comissões previstas hoje pelo clube para este tipo de processo. O objetivo era óbvio: oficializar a perseguição. Felizmente vencemos em janeiro, se não certamente eu e vários amigos que lutam pelo bem do clube potencialmente não estaríamos mais no quadro de sócios, ou estaríamos na justiça comum tentando reverter as punições.uve uma tentativa de golpe em janeiro/2022 que seria muito mais danosa ao clube que foi derrotada e, mesmo assim, passaram uma versão ?light? do golpe poucos meses depois, pouco se importando com o recado dos sócios na primeira votação.
O argumento de que se houve respeito ao processo previsto no estatuto não houve golpe é falho como mostramos no artigo, mas vou resumir aqui alguns pontos:
- A proposta em si, e a de janeiro principalmente, é por si só anti democrática pelo que estava sendo proposto: pela cláusula de desarmonia social, pela tentativa de ampliação de mandatos de conselheiros que inicialmente foram eleitos para apenas 3 anos para 6 (fazendo com que o clube só tivesse novas eleições em 2026), pela redução da capacidade do conselho de fiscalizar contratos da diretoria, pela possibilidade de reeleição de um presidente que foi eleito sem este direito e por tantas outras coisas? Em resumo, o objetivo das duas tentativas de golpe foi centralizar poder nas mãos dos que hoje mandam e administram muito mal o São Paulo, diminuindo a possibilidade de uma oposição reagir a estes desmandos e de o sócio ter maior participação nas decisões políticas do clube.
- A forma da campanha e todo o processo eleitoral em si nas duas tentativas de golpe. Jantares pagos de forma misteriosa aos sócios, troca de favores políticos a luz do dia? Não havia debate nem argumentação real sobre aquilo que estava sendo proposto - pois não havia como defender. Então o processo político foi substituído por um processo de descarada politicagem, regada de ampla utilização da máquina administrativa pela gestão atual. Foi muito duro lutar contra tudo isso. Felizmente conseguimos na primeira vez, infelizmente não conseguimos na segunda.
Enfim, foram duas claras tentativas de golpe. E pelo dicionário, quem dá golpe é golpista".
A assessoria de imprensa do São Paulo respondeu à crítica de que o clube pagou as custas do processo:
"Os custos foram contratados pelo SPFC porque a ofensa ocorreu em
virtude do cargo. No caso, o Clube vai buscar o ressarcimento."
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