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OPINIÃO

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Bia Maia é excelente, mas não é por causa dela que tenho orgulho

Bia Haddad Maia, tenista brasileira em Roland Garros - Julian Finney/Getty Images
Bia Haddad Maia, tenista brasileira em Roland Garros Imagem: Julian Finney/Getty Images

13/06/2023 11h37Atualizada em 13/06/2023 13h35

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Bia Haddad Maia chegou à semifinal de Roland Garros, algo que não acontecia desde os tempos gloriosos de Maria Esther Bueno. Agora, Bia é a décima do mundo. Espetacular. Um alento para o tênis brasileiro, que vive de grandes e esporádicos talentos, como Guga.

Um sentimento de orgulho por ser brasileiro se espalhou. É um fenômeno que se repete a cada sucesso. Movidos por Rayssa, somos a pátria do skate, com Ítalo à frente, somos a pátria do surfe, e Isaquias nos transforma na pátria da canoa.

Deve ser um sentimento bacana. Não sou afetado por ele. Primeiramente porque, me perdoem, não gosto de todos os esportes como muitos. Gosto de futebol, basquete, atletismo, esportes de combate e mais um ou outro.

Não consigo ver um jogo de tênis. Olha, não estou criticando quem gosta, são milhões no mundo. Não sou gourmet de esporte. Cada um gosta do que quer. Dei apenas minha opinião.

O segundo ponto é fazer a relação esporte e país. Uma conquista esportiva não me faz ter orgulho do Brasil. Se fosse assim, seriam poucos motivos. O fato de Bia chegar ao décimo lugar não me faz ter orgulho de ser brasileiro. Eu já tinha meus motivos antes. E, se ela começar a perder, não vou desgostar de ser brasileiro.

Eu tenho orgulho por ser o país mais bonito do mundo, das Cataratas do Iguaçu à Amazônia. Pantanal, praias, Rio, a mais bela de todas as cidades, Brasília, São Paulo...

Tenho orgulho dos movimentos sociais. MST, MTST e outros.

Do esporte, tenho orgulho de Pelé.

E agora, de Vinícius Jr.

Não por seus dribles.

Por colocar o dedo na ferida do racismo, escancarar o buraco e fazer vazar o pus nojento.

Por colocar os racistas na defensiva.

Quanto à Bia, apesar do episódio do doping, vou torcer muito por ela. Sem ver os jogos.

Com simpatia, mas sem orgulho.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL