A vergonhosa entrevista de Daniel Alves, perdoando a vítima

Uma das coisas piores - a pior - para um jornalista é perceber que foi manipulado pelo entrevistado. Em uma coletiva, por exemplo, você pergunta, o cara te enrola e não existe réplica. Um dos mais "lisos" é Júlio Casares, muito inteligente e que fala o que quer e nem sempre o que foi perguntado.

Casares é apenas um exemplo. Não tem nada a ver com o que vem a seguir. É preciso deixar claro.

Falo da entrevista que a jornalista espanhola Mayka Navarro fez com Daniel Alves, preso há seis meses por acusação de um suposto estupro de uma mulher de 23 anos na boate Sutton, em Barcelona.

Ela deve estar se sentindo frustrada. Foi usada como uma muleta para Daniel.

Ele, bonzinho, mandou um recado para sua mulher, pedindo perdão.

Ele, magnânimo, perdoa a vítima.

Aqui, eu deveria escrever suposta vítima. Mas, na verdade é vítima. Ou de Daniel, que a estuprou. Ou de si mesma, inventando uma história que não lhe trouxe nada de bom. Lembremos que ela não pede dinheiro.

Ele, perplexo, não sabe por que ela o acusa.

Ele, depois de muitas versões, agora diz que somente os dois sabem o que ocorreu no banheiro.

Ele, enfim, deu seu recado. Cumpridor da Lei, se soubesse da queixa no dia, teria se entregado prontamente.

Ele, preocupado com os outros, recusa visita de jogadores que pedem para vê-lo.

Ele, que sempre fala bem, está escrevendo três livros.

Entrevista vergonhosa. Assessoria de imprensa na veia.