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Apuração do MPF sobre possíveis crimes faz diretoria corintiana ser cobrada
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A informação de que o Ministério Público Federal apura se dirigentes do Corinthians cometeram crimes tributários e previdenciários gerou questionamentos e críticas à atual diretoria e à anterior. Ambas são do grupo do ex-presidente Andrés Sanchez.
A notícia de que o MPF abriu dois procedimentos para apurar os possíveis crimes após representações terem sido enviadas pela Receita Federal em 2020, durante a gestão de Andrés Sanchez, foi publicada nesta quinta (22) pelo blog.
Conselheiros cobraram de membros da diretoria explicações sobre o tema. Também foram feitos questionamentos a respeito da situação do clube no Profut.
Há o temor entre conselheiros de que o alvinegro tenha sido excluído do Profut ou que seu parcelamento de dívidas com a Receita Federal tenha sido rescindido por conta de atrasos no pagamento de parcelas.
Parte dos questionamentos em relação aos atrasos no Profut foi feito por integrantes do Cori (Conselho de Orientação).
Como mostrou o blog, o departamento de comunicação do Corinthians confirma que houve atrasos no pagamento de parcelas do Profut em 2020 e nos três primeiros meses de 2021. Também informou que o alvinegro não recebeu notificação do MPF e da Receita Federal e que não foi excluído do Profut.
Apesar da afirmação dada pelo clube, o conselheiro Romeu Tuma Júnior, que presidiu a comissão eleitoral na última eleição, diz ter sido informado por membro da diretoria de que o clube foi excluído do parcelamento feito com a Receita Federal. Ele e outros conselheiros e sócios falam em falta de transparência e pedem que, em caso de confirmação de ocorrência de crime, os dirigentes envolvidos sejam punidos pela agremiação.
O sócio Felipe Ezabella, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Mário Gobbi no ano passado, diz não acreditar que os poderes do clube punam eventuais responsáveis. Mesmo se o MP denunciar dirigentes e eles forem condenados pela Justiça. Isso por conta da força política do grupo de Andrés e Duílio Monteiro Alves, atual presidente.
Nesse clima, o Conselho Deliberativo votará as contas corintianas de 20219 e 2020 no próximo dia 27.
Abaixo, leia na íntegra declarações enviadas ao blog por Tuma e Ezabella após ambos serem indagados pelo sobre o assunto.
Romeu Tuma Júnior
"Recentemente, na condição de conselheiro, questionei a direção do clube e do conselho a respeito da exclusão do Corinthians de algum programa de parcelamento do Profut, e perguntei desde quando e o porquê. Infelizmente obtive o silêncio como resposta.
Isso demonstra de forma inequívoca que a transparência não é algo que se pode esperar da administração do clube, a despeito do nome do grupo que o comanda há vários anos e da propaganda que fizeram de implantação do compliance, tudo continua como antes.
Aliás, é grave e demonstra a infringência de um dos artigos mais importantes da Lei do Profut, que é o artigo 25 e seus incisos VI, VII e VIII.
Enganar os órgãos de fiscalização é uma comprovação dolosa de gestão temerária e irregular, e mais do que isso, na minha opinião, caracteriza gestão fraudulenta.
Isso é muito triste e extremamente grave. (nota do blog: a diretoria diz que o clube segue no Profut e que não foi notificada de eventual rescisão do parcelamento com a Receita Federal. Porém, a rescisão é uma das hipóteses previstas no roteiro que o órgão segue para enviar representações ao MPF).
Só nos cabe rejeitar as contas para demonstrar de maneira inequívoca (sem sombra de dúvidas) que a instituição Corinthians e seus órgãos de fiscalização não são coniventes com os maus gestores.
Assim o conselho deve ajudar o clube para evitar que nos aconteça o que ocorreu com o Cruzeiro, por isso causa indignação a diretoria esconder esses fatos tão graves. E ajudar o clube significa mostrar que a instituição Corinthians não é conivente com atos de gestão irregular de alguns de seus dirigentes.
É preciso esclarecer o que tem por trás disso, até porque recebi uma informação de um membro da diretoria, cujo nome vou preservar, de que a exclusão feita pela Receita Federal ocorreu antes das eleições e isso foi mantido sob sigilo, o que se confirmado é gravíssimo e pode ser considerado um ato de traição ao conselho, ao Cori e aos associados".
Felipe Ezabella
"A questão do não pagamento dos impostos já vínhamos falando há muito tempo. Em julho de 2020 o clube fez uma transação tributária com a procuradoria reconhecendo dívida e atrasos de mais de R$ 100 milhões! Mesmo com o acordo o clube continuou devendo e não pagando. Acho que a última gestão não deve ter pago quase nada de impostos no período todo!
Quando divulgaram as contas de 2020 a situação fiscal ficou clara para todos nós que nos debruçamos nos números.
Sobre o Profut o clube já foi questionado. Diz que tem apenas trés parcelas em atraso que é o limite da lei para não ser excluído; se bem que a lei exige também o pagamento em dia dos demais impostos e outros itens que também não foram cumpridos (nota do blog: as regras do Profut falam em imediata exclusão a partir de três parcelas não pagas).
A grande novidade e furo para nós é a questão criminal. Não tinha vindo ainda a público que já há procedimento iniciado perante a Receita Federal e Ministério Público para responsabilizar os dirigentes. Isso é importante porque os poderes políticos do clube certamente não levarão adiante qualquer medida para responsabilizar os gestores pela gestão temerária e irresponsável. Dificilmente nós da oposição vamos conseguir convencer os conselheiros a reprovarem as contas".
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