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Vácuo de poder na CBF gera crise entre vice-presidentes
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É tenso o clima entre vice-presidentes da CBF em meio ao vácuo de poder na entidade com o afastamento temporário de Rogério Caboclo. O presidente é acusado de assédio sexual e moral.
O ambiente entre os cartolas está carregado de desconfianças, intrigas e fome de poder.
Nesse cenário, um dos nomes que mais circulam nas conversas entre os dirigentes é o de Gustavo Feijó, um dos oito vices da confederação.
Ele tem incomodado parte de seus colegas com os poderes que ganhou recentemente.
Nos últimos dias, o nome de Fernando Sarney, outro vice, também entrou na dança. Nesse caso, por conta da desconfiança de que ele teria aceitado um convite dos interventores, que não tomaram posse, para ser presidente interino. Sarney nega que tenha sido convidado.
Seleção
Feijó ganhou os holofotes na semana passada porque foi indicado pelo presidente em exercício, coronel Nunes, para atuar junto à Seleção Brasileira. A nova função é um dos motivos de irritação de parte dos outros vices.
O discurso dos descontentes é de que Tite pode não gostar de a comissão técnica ter que dar explicações para Feijó sobre critérios para as convocações, o que já começou a acontecer. Em entrevista coletiva, o coordenador de seleções, Juninho, confirmou que esses esclarecimentos são dados ao dirigente. Há o temor de uma crise entre a cúpula da entidade e o técnico.
Poderoso
A seleção é só uma das áreas de alcance de Feijó, ex-presidente da Federação Alagoana. Segundo cartolas da CBF, com Nunes na presidência, ele se aproximou de quase todas as áreas, atuando praticamente como um CEO, mesmo sem ter sido empossado.
O discurso é de que Feijó tem todos os seus pedidos atendidos por Nunes, além de falar diretamente com os responsáveis de cada área.
Pelo menos parte dos vices diz que Feijó conseguiu um substancial aumento, se distanciando em termos salariais dos cartolas de mesma patente.
Há entre os vices quem também atribua há Nunes a decisão da CBF de aumentar a verba paga aos presidentes de federações. Um deles é o filho do cartola alagoano, Felipe Omena Feijó, que hoje preside a federação da terra natal de sua família.
Dois cartolas da CBF disseram ao blog que Feijó chegou a distribuir funções para alguns dos vices, numa demonstração de poder.
Sucessão
Esse empoderamento também é visto por alguns de seus colegas como uma quebra de isonomia entre eles e uma tentativa de Feijó de se destacar visando ser eleito para a presidência com o objetivo de encerrar o mandato de Caboclo.
Caso a Comissão de Ética do Futebol Brasileiro determine o banimento de Caboclo, a decisão precisa passar pelo crivo da assembleia formada pelos presidentes de federações. O dirigente afastado precisa do voto de seis entidades, se todas comparecerem, para permanecer no cargo.
Caso ele seja afastado definitivamente, federações e clubes das séries A e B escolherão um dos oito vices para completar o mandato atual, que vai até abril de 2023
O entendimento inicial entre os oito vices era de quem ninguém anteciparia uma eventual campanha. O grupo esperaria a definição do futuro de Caboclo.
Mas os críticos de Feijó dizem que sua postura é de quem está em campanha. Um dos vices ouvidos pelo blog disse que Feijó "queimou a largada", já que deixou companheiros descontentes.
Del Nero
O empoderamento do alagoano também traz à baila o nome do ex-presidente Marco Polo Del Nero, banido pela Fifa.
Apesar de o ex-dirigente afirmar que está completamente afastado da confederação, pelo menos uma parcela dos vices trabalha com a informação de que Del Nero avalizou a ascensão de Feijó.
O ex-presidente da Federação Alagoana é visto por parte dos dirigentes como um cartola que ganhou cacife com Del Nero por ter bom relacionamento com o alagoano Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado e relator da CPI da Covid.
Segundo relatos ouvidos pelo blog, Feijó também diz ter amizade com Arthur Lira (PP-AL), atual presidente da Câmara.
De acordo com a "Folha de S.Paulo", Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, quer que Del Nero seja ouvido na comissão. Isso por conta de um pagamento que teria sido feito a um escritório do qual o cartola é sócio por uma das empresas do dono da Precisa, Francisco Maximiano, que intermediou a venda da vacina Covaxin para o Governo Federal.
Procurado pelo blog, Del Nero disse o seguinte: "Gustavo Feijó, eu o conheço tem muitos anos e nosso relacionamento teve início exclusivamente quando ambos foram presidentes de suas respectivas federações". O ex-presidente da CBF negou que tenha aconselhado Nunes a dar mais atribuições ao alagoano.
Feijó não atendeu às ligações do blog nem respondeu às perguntas enviadas por mensagem pelo celular.
Por sua vez, a assessoria de imprensa da CBF repassou nota que havia sido enviada ao jornalista Lauro Jardim, do jornal "O Globo" para negar a informação de que o dirigente passará a ganhar R$ 200 mil mensais por atuar junto às seleções brasileiras. O comunicado diz que essas atividades fazem parte das suas atribuições, assim como seus colegas dão suporte a outras áreas.
Sarney
Fernando Sarney é o personagem central de um enredo de desconfiança entre os vices.
Alguns de seus colegas acreditam que Reinaldo Carneiro Bastos, presidente da Federação Paulista de Futebol, e Rodolfo Landim, mandatário do Flamengo, nomeados interventores da CBF pela Justiça, o convidaram para ser presidente interino da CBF. A informação disseminada entre esses cartolas é de que o convite foi aceito.
Os críticos de Sarney alegam que ele não poderia aceitar a indicação porque a confederação, que conseguiu efeito suspensivo contra a intervenção, discorda da decisão inicial da Justiça.
Sarney disse ao blog que não foi convidado para ser presidente interino.
Por meio da assessoria de imprensa da FPF, Bastos afirmou que ele e Landim não chegaram e definir um nome para a presidência interina. Por sua vez, a assessoria do Flamengo informou que o presidente do rubro-negro prefere não se pronunciar sobre a CBF.
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