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Perrone: CPI deveria apurar atuação da Anvisa em casos de Willian e Andreas
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O objetivo da CPI da Covid é "apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia de Covid-19 no Brasil". Diante disso, não seria exagero a comissão ouvir a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), vinculada ao Ministério da Saúde, sobre os casos de jogadores que estiveram na Inglaterra e não cumpriram quarentena de 14 dias prevista na portaria interministerial 655/2021.
Willian, reforço corintiano, chegou ao Parque São Jorge com sirene, participou de Live na Neo Química Arena, deu entrevista e treinou.
Porém, só neste sábado (11), véspera de sua estreia, a Anvisa notificou CBF e Corinthians avisando que o atleta está impedido de jogar por ter assinado termo se comprometendo a ficar em quarentena e que pode ser responsabilizado nas esferas civil, administrativa e penal.
Também no sábado, a agência se pronunciou sobre Andreas Pereira, que assinou o mesmo termo e estreou pelo Flamengo contra o Santos em 28 de agosto sem cumprir quarentena.
O órgão diz que soube do fato pela imprensa e comunicou o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância e Saúde para a adoção das medidas cabíveis, como punição ao jogador e aos envolvidos na organização da partida.
Assim como William, Andreas não chegou e treinou escondido.
O mesmo aconteceu com os argentinos Emiliano Martínez, Buendía, Cristian Romero e Lo Celso. No entanto, a Anvisa não conseguiu notificá-los antes do jogo com o Brasil, que acabou suspenso quando essa tentativa foi feita.
A diferença é que os companheiros de Messi omitiram em formulário assinado por funcionário da federação argentina a passagem pelo Reino Unido, onde jogam.
Em todos os episódios, a Anvisa diz que cumpriu suas obrigações.
Tais infrações por parte dos jogadores geram riscos sanitários graves, segundo a agência. Ou seja, os casos não estão limitados à esfera esportiva. As questões são importantes para a saúde pública e estão diretamente ligadas à pandemia.
Sendo assim, cairia bem uma apuração por parte da CPI para saber se houve omissão de agentes públicos que culminou com a circulação no país de pessoas famosas que deveriam estar em quarentena.
Cabem explicações sobre como é feita a fiscalização das quarentenas de quem chega dos locais enquadrados na portaria que exige isolamento.
Se em casos tão midiáticos houve descumprimento, imagine o que acontece diariamente com não famosos? É preciso saber o tamanho dos riscos a que ficamos expostos.
Tal apuração poderia ajudar a Anvisa no sentido de mostrar que ela precisa de mais agentes e maior cooperação de outros órgãos, se for o caso, para evitar a repetição desses episódios bizarros.
Vale lembrar que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI, anunciou um pedido de explicações da CBF sobre uma suposta negociação envolvendo autoridades do governo brasileiro para permitir que os quatro argentinos jogassem.
Segundo agente da Anvisa, o presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, pediu para que ele entrasse em contato com o ministro da casa civil, Ciro Nogueira, pois estaria negociando com o titular da pasta a situação dos argentinos. O dirigente nega ter feito isso. Esse é mais um motivo para a CPI entrar na história.
Ainda que seja em outras instâncias que não a Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado, é fundamental que a sociedade tenha melhores explicações sobre como até quem é vigiado pela mídia consegue burlar algo tão importante como uma quarentena numa pandemia que já matou mais de 585 mil brasileiros.
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